sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O tempo tem que voltar

Queria escrever sobre a morte. Sobre o quão maldosa e desnecessária ela é. Sobre o quão inútil e devastadora ela é. Mas não deu.
A escrita se deu tensa, com raiva, com rancor, com mágoa... tudo de ruim misturado e expressado em letras, palavras, frases... Não foi bom.
Então resolvi escrever sobre o tempo. O tempo tão poetizado por Quintana. O tempo que é a coisa mais democrática que existe: ele vem igual pra todos, sem distinção.
O tempo vem... E o tempo volta.
Volta, sim, com o perdão a todos aqueles que acreditam no contrário.
Ele volta no cheiro, na música, no gosto.
Ele volta nas imagens, nas vontades e nas sensibilidades.
Ele volta na poesia, na fotografia e, até, na agonia.
O tempo volta, sim.
O que não volta são as ações, mas as emoções voltam a todo instante. Num simples lembrar, num simples ver, num simples piscar, num simples ser...

Tentei, Mariel, te "ter" em uma escrita minha. Mas creio que tua luz e tua alegria não mereciam uma escrita carregada de descrenças e interrogações. Então, tentei esboçar algo sobre o tempo, pra acreditar que ele volta. E com ele, a tua presença. O teu sorriso. O teu viver. O teu ser.
Pra não precisar te reinventar, o tempo tem que voltar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Acordar pra dentro

Uma das frases que ouvimos muito, em tom de conselho, é Acorda pra Vida. Uma frase simples e carregada das melhores intenções para que vivamos de uma maneira mais viva, com a redundância a todo vapor. Um convite à vida no sentido mais esfuziante possível. Não há como dizermos não a um conselho destes...
Mas, muitas vezes, existem pessoas que acordam tanto para a vida que esquecem de acordar para dentro. Esquecem que não precisam estar o tempo inteiro numa aventura alucinante de adrenalina intensiva, basta apenas acordarem para dentro e verem o que realmente necessitam para que a vida seja, digamos, mais cheia de sentido.
Dá um certo medo em olharmos realmente para as nossas dores e delícias sem termos que estar com um sorriso no rosto e esbanjando simpatia (Salve Jorge!). Um receio em concluirmos que o que basta para estarmos em paz com o nosso eu é pouca coisa, é simples, é inodoro e não precisa estar estampado na nossa prepotente autossuficiência.
Acordar pra dentro é necessário. É eficaz. É de graça. Não aceita cartões. É apenas um diálogo do eu com o eu mesmo.
Definir como difícil, talvez, seja a escolha mais coerente... Deve ser por isso que muitas pessoas, inclusive Lispector, preferem uma verdade inventada a não terem que cortar defeitos que seguram o edifício inteiro.

domingo, 17 de outubro de 2010

Alegria Alegria

E ganhei o Oscar da Alegria.
Numa dinâmica realizada no dia do professor fui contemplada como a pessoa mais alegre da escola. Cheia de sorrisos, saltitante e serelepe recebi meu prêmio.
Realmente, sou alegre. Sou muito alegre. Rio da vida. Gargalho do inesperado. Faço piada com o destino. Sorrio com a boca, com os olhos e com os cabelos.
Sem deixar o mérito de Miss Alegria-Alegria, tenho algumas considerações sobre eu ter ganho este prêmio.
Ganhei o Oscar da Alegria porque vivemos num mundo em que a moda agora é ser triste e anunciar essa tristeza. A tristeza dá ibope, gera buxixos, especulações, conversas. Um sorriso estampado no rosto não comove ninguém, não gera rótulos, não emite opiniões, não é capa da Contigo, não vende, não gera capital...
Prozac no almoço e Fluoxetina no jantar são os hits do momento. Sem um faixa preta no armarinho do banheiro? Minha cara em que mundo vocè está vivendo??? Vá logo no psiquiatra fazer parte desta galáxia.
Ganhei o Oscar da Alegria não por ser hipócrita em um mundo que clama pela tristeza enaltecida. Ganhei porque ainda sou do tempo antigo. O tempo em que a tristeza se resumia ao choro escondido na hora de cortar cebola, a tristeza emergida na hora do banho, a tristeza comedida, a tristeza que o Bonner não anuncia.
Sou do tempo da tristeza autista. Da tristeza egoísta que não precisa ser compartilhada com terceiros.
Sou do tempo da tristeza só minha e de mais ninguém... quando muito do travesseiro.

domingo, 10 de outubro de 2010

A temporalidade do amor

Assisti ao filme Novidades no Amor com Catherine Zetta-Jones e Justin Bartha e cheguei à conclusão de que há tempo para o amor.
O amor é temporal. Não no sentido cíclico de um começo, um meio e um fim, mas no sentido de que quando não é a hora, nada feito.
No filme, Zetta-Jones é recém divorciada e encontra aconchego nos braços do babá de seus filhos, Bartha. O xis da questão é a diferença de idade: ela com 40 anos e ele com 25. A diferença de idade não é discutida no filme e nem elencada o suficiente para o tema ser o preconceito. O que é evidenciado é a lacuna de experiências oriundas da idade. O amor se fez. Mas não bastou. Ele nao tinha vivências suficientes para adentrar no universo dela.
Ele era aquém e nada tinha haver com idade, mas sim com espaços de tempos.
Alguns anos se passam e a diferença de idade, é claro, continua a mesma: 15 anos, mas a diferença de emoções vividas praticamente se iguala e então a relação se concretiza.
E o amor é assim. Pode explodir em grau 9 na escala Ritcher, mas na semana anterior, na semana seguinte, no ano passado, em tempo errado, em momento inoportuno. O amor é temporal porque não só do amor se mantém as relações...
E então é rímel escorrido na certa.

sábado, 9 de outubro de 2010

O fantástico mundo On Line

Sabe o que mais me encanta neste mundo virtual? A capacidade de controle de nossas imagens. Somos senhoras de nossas aparências e só deixamos à mercê o que queremos deixar. Nos photoshopamos, editamos, selecionamos, somos sorridentes ao extremos e felizes à décima potência. Nossos cabelos são esvoaçantes, temos blush natural, nossas unhas sempre bem feitas e nossas vidas uma grande festa regada a energético.
Faxina? Ninguém faz. Empréstimo? Também não. Raxar a gasolina? Psssiii, não comenta.
Escolhemos partes de nossas vidas que merecem páginas de uma biografia e as superlativizamos positivamente. Nos evidenciamos em frases através de outros. Indecisas e instrospectivas? Solicitamos Lispector. Um pouco solícitas à paixão? Neruda na tela. Nostálgicas? Nando Reis nos quebra este galho.
Gritamos aos quatro cantos do mundo o nosso sentimento, nossa vontade e nossa insensatez sem sermos objetivas. A subjetividade é nossa aliada no mundo virtual.
E isso me encanta...Nada de mais em potencializarmos as vitórias e deixarmos de fora as derrotas. O problema é supervalorizarmos a nossa vida on e esquecermos que a vida que merece ser bem editada mesmo é aquela que temos quando estamos off.

O futuro não é mais como era antigamente

Certa vez no aniversário da escola, há 15 anos, todos os alunos participaram da Cápsula do Tempo. Explico: A escola estava fazendo aniversário e pediu que os alunos escrevessem sobre suas perspectivas profissionais de futuro em 15 anos. Escrevemos, guardamos na cápsula e esta foi enterrada.
Bom, a questão é que fiquei sabendo que a cápsula do tempo será aberta e então um sentimento estranho adentrou em minha aura de diva. O porquê? Não lembro das minhas perspectivas. Não lembro o que eu queria há 15 anos. Tenho medo de não ter correspondido às minhas próprias expectativas.
Não quero me decepcionar, mas com certeza não escrevi que em 15 anos o que eu faria de mais delirante seria um memorando circular ou um ofício pedindo verbas para quebrar paredes e fechar duas portas. Que minha adrenalina estaria em seu auge quando eu descobrisse assassinos em filmes de serial killers e até lesse sobre eles para descobir mais assassinos nos próximos filmes. Que minha boa ação mais notável foi participar de um projeto cujos custos foram todos pagos e minha estadia foi regada à temperatura permitida por mim. Que o Prêmio Nobel que deixei para o meu país foi trabalhar nas eleições. Que o que mais faço hoje é explicar que o trema não se usa mais e que as regras do hífem mudaram completamente. Que meu momento mais famoso foi quando apareci no Jornal do Almoço da minha cidade.
Não escrevi nada disso, não... Com certeza, em minhas expectativas algo como Hollywood ou Pentágono estariam presentes.
Percebo que o que há de mais cruel é termos que olhar pra trás e vermos que nossos planos perfeitos de realizações superlativamente fantásticas não se concretizaram. E que o futuro não é mais como era antigamente...
E quanto à Cápsula? Não apareço lá, nem a pau, Juvenal.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Da obediência do papel de ser

Não vejo cores que não combinam.
As cores que vejo se entrelaçam nas combinações dos tons.
Uma assegura a outra, define, sinaliza, entranha.
Não vejo cores que não combinam.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Punhos de aço

Como sou uma superhipermega amiga softplus preocupada com o bem estar das amigas, mandei uma msg via celular a uma amigonérrima (entendeu o nome do blog?) pra saber como ela estava, após, digamos, um dia um tanto quanto very bad. Ela me respondeu que estava bem e que ainda não tinha cortado os pulsos. Diante disso, respondo à ela:
Amiga,
corta o cabelo,
corta a franja,
corta os carboidratos,
corta o refrigerante,
corta o óleo de soja,
corta o bauru,
corta a barra da minissaia,
corta o limite do banco,
corta as unhas,
corta o cartão de crédito,
corta a mesada do filho,
corta relações;
corta o macarrão,
corta a ração do cachorro,
corta até a alça do sutiã...
Mas os pulsos não corta, por favor, deixa-os intactos para ter mais força no punho.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Primeiro a gente foge, depois a gente vê...

Já falei aqui que tenho uma musa inspiradora, não é?
Nossas conversas rendem textos, dissertações e teses, sempre baseadas nas nossas vivências, pertinências e até divergências. E hoje não é diferente.
Conversamos sobre relações pessoais. Vida. Convivência. Decência. Obediência. Sonolência.
E nossa pauta era a questão de término de relacionamentos e suas consequências quando este há a volta. Consequências nos outros envolvidos, ou seja, nos coadjuvantes da trama mexicana.
Relacionamento terminado. Família reunida pra decidir o futuro do país.
- Ele errou.
- Não, ela que foi mimada.
- Ele é sem noção da realidade.
- Mas ela pediu...
E daí os churrascos de domingo se tornam o Porgrama da Marcia Gold Alguma Coisa.
Palpites. Declarações. Maldições. Especulações. Demolições. Emoções.
O que conversávamos ao som de "dá uma fugidinha com você" é que quando os relacionamentos são desfeitos e envolvemos terceiros, quartos e quintos, envolvemos estas pessoas também na raiva momentânea que está saltando pelos nossos poros. Envolvemos estas pessoas com nossos desesperos emocionais que são apagados na hora em que a saudade bate à porta.
Nossa raiva é amenizada por histórias, momentos, vivências e eloquências... que as outras pessoas não têm. Não têm porque não passaram por situações que apenas o casal se permitiu sentir, sofrer, experimentar.
Resultado: nossas raivas passam, a raiva alheia continua, porque os outros são os outros e só (plágio?).
Nosso papo maduro sobre estas relações acabou como sempre acaba. Sem uma conclusão sobre um certo e um errado. Um sim e um não. Um agora e um depois. Sem nada definido.
Mas acabou com uma bela frase de efeito que, no caso, foi o meu (des) conselho: "Primeiro a gente foge, depois a gente vê."

domingo, 15 de agosto de 2010

Classificados Poéticos

Como rosa chiclete é piada do ano passado, digo a vocês que fiquei cinza astronauta quando li uma postagem nos classificados do Jornal Agora. Sente só:

PROCURO um Namorado rico p/ me ajudar financeiramente, se vc tiver interesse me ligue, tenho 33 anos e procuro homens entre 45 e 55 anos. Ligue p/ manhã ou p/ noite p/ meu tel. residencial. 3230.xx xx

O queixo caiu? Em mim caiu até a gengiva!
Depois de gargalhar como uma louca, fiquei pensando no que significa isso, assim, nas entrelinhas.
Sim, quem sabe ler percebeu que a moçoila quer alguém que pague suas dívidas. Claro, pois só quem tá entupidaça de dívidas é capaz de chegar ao extremo de colocar um anúncio deste. Mas para além da conta bancária negativa da pobretona, o que tá em questão aí é como as pessoas resolvem os seus problemas hoje em dia.
Ou melhor, as pessoas não resolvem os seus problemas, as pessoas esperam que outras resolvam os seus problemas. O outro que tem que atuar para que ela possa tirar o pé do buraco.
Quando li a primeira vez o anúncio (li vááááárias até acreditar), interpretei a desesperada como super sincera. Mas depois, acho que não é este o adjetivo mais apropriado. Acredito que acomodada seja a melhor opção.
Acomodada, pois depende dos outros para que a sua situação se resolva. Acomodada, pois não pretende ir em busca da bufunfa que precisa pra tirar o nome do SPC por meio do trabalho. Acomodada, pois dispensa ir em busca do amor e da felicidade realista. Acomodada, sim, pois é mais fácil que alguém ligue com as soluções de sua crise financeira e pessoal prontas, do que ela ir guerrear.
Se ela fosse super sincera como a julguei na primeira lida, sua postagem nos Classificados ficaria assim:
Acomodada de 33 anos na cara quer alguém que assine um cheque e resolva suas pendengas financeiras. De troco, oferece o que um "namoro" pode oferecer. Se vc tiver interesse em ser um otário, ligue.

Então tá.

sábado, 14 de agosto de 2010

Do tempo

Meu filho estava assistindo a Turma da Mônica na televisão quando eu passei e disse: Adooooro!
Ele me olhou e disse: Era do teu tempo?
Em dez segundos, algumas filosofias botequianas tomaram conta de mim.
Pensei: Era do meu tempo? Por que era e não é?
Achei estranha esta colocação, mas pensei que todos emitem esta frase simples, mas carregada de intenções. Só que eu nunca tinha pensado na bagagem que ela carrega.
Por que temos que ter um tempo determinado? Pronto, meu tempo era aquele, agora não é mais. Adeus.
Peraí, meu coração bate, meu pavio é curto, salivo com quindins, planejo o futuro e meu tempo já passou? Como assim? Quem estabeleceu que um determinado momento da minha vida era o tempo de minhas produções, de minhas diversões, de minhas palavras e de meus atos e agora não é mais porque novas pessoas estão construindo suas identidades e demarcando seus espaços?
A Turma da Mônica não era do meu tempo. A Turma da Mônica é do meu tempo. Porque o meu tempo é agora.
Ainda não fui silenciada. Ainda sei dançar. Ainda bato um bolão. Ainda canto no chuveiro.
Ainda tenho medo. Ainda incomodo. Ainda tenho ataques. Ainda grito de raiva.
Ainda amo. Ainda me emociono com novelas. Ainda uso Renew. Ainda faço tudo errado.
Meu tempo é este.
Até que a morte nos separe.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Lost


Pelas minhas travessias no mundo virtual, encontrei esta notícia:
"Casal de nigerianos tem filha loira de olhos azuis"
Bom, nas nossas mentes absurdamente poluídas já passou a ideia de uma super escapadela da mãe da criança com o Brad Pitt, não é mesmo?
Nada disso. Se a mãe da criança pulou a cerca, não deixou rastros, pois a criança linda e loira é filha do papai e da mamãe nigerianos, segundo o teste de DNA.
Então, fica a questão:
Se até a genética tá perdida, por que cobram que eu me encontre?
Tsc, tsc, tsc...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Conjutivite Mental

1)

Se entre o sim e o não, o talvez for a opção...
Se entre a loucura e a lucidez, o equilíbrio for a resposta certa...
Se entre o sussurro e o grito a combinação de ambos for necessária...
Desculpe, desça na próxima estação que você pegou o bonde andando.

E nem quis a janelinha.



2)

Te ofereço por uma hora ser eu.
E depois te pergunto:
Existe definição de mim no dicionário?


3)

Sou a versão do erro que deu certo.

Da Tati Bernardi e nosso bom senso em comum!

Fui apresentada à Tati Bernardi. Fiquei apaixonada. Ela é apaixonante com sua escrita franca e original.
E então, após o fogo inicial, fui saber um pouco mais desta minha mais nova paixão. E a medida em que eu estava desbravando suas linhas e entrelinhas, me deparo com esta frase {que quem me conhece, sabe que também é minha} :
MUNIDA DE CORAGEM ASSUMO: NUNCA FUMEI MACONHA E NEM FIQUEI BÊBADA.
Nossa! Atônita, eu li novamente e não conseguia entender que alguém além de mim pudesse repetir esta frase! Não, e não apenas repetir a frase... alguém além de mim, pudesse ter exercido a veracidade dos fatos!
Eu não era a única. Éramos eu e a Tati.
Percebi que minha paixão à primeira lida tivera fundamento. Minha paixão à primeira lida tinha algo de simpatia astral...
Após esta descoberta fenomenal, fiquei pensando... E algum dia eu tivesse fumado maconha e ficado bêbada??? E elaborei algumas hipóteses.... Prováveis hipóteses...
Bom, se eu tivesse fumado maconha, eu seria fedorenta, porque maconha, meu irmão, fede muito. Em primeiro lugar, teria que ser uma maconha industrializada, porque essa história de enrolar ervinha em palhinha e dar uma lambidinha não é nada glamouroso. E vamos combinar: eu sou glamourosa.
Assim, suponhamos que eu conseguisse uma maconha industrializada. Isso mesmo, conseguisse, porque com o preço da maconha eu compraria um Chokito.
Tá bem, não comprei o Chokito e consegui minha maconha industrializada: eu teria que fazer aquela careta e aquele barulhinho com a boca tipo o apito do trem? Não iria conseguir. A careta até que sim, sou mestre na arte facial, mas o barulhinho... Nada feito.
Simbora pra ficar bêbada, porque a maconha não combina com meu estilo linda, loira, estilosa e glamourosa.
Cerveja, não obrigada. É amarga. Pode ser a tal da Patrícia, a Bohemia, pode ser a mais elaborada com o malte cem por cento escocês (heim?) que não passa.
Passamos para a cachaça, ahhhh, a legítima cachaça. É incolor demais. Além de ser tomada num talagaço só pede também uma batida com o copinho no balcão do buteco. Alguém aqui me imagina no balcão do buteco? Obrigada.
Partimos para a tão famosa "Virgem": Leite condensado, leite de coco, vodka, gelo e canela. Vem canela? Não obrigada, mamãe me fez alérgica.
Smirnoff Ice? Bem bonzinho, docinho. Mas, por favor, me traz uma Sprit que dá no mesmo.

Não consegui nem imaginar os atos, quanto mais as consequências deles.
Literalmente, quando se é, assim, uma lady européia, a falta de classe nunca nos cabe, né Tati?

E que ninguém pense ao contrário, se não a porrada come, mermão!


sábado, 31 de julho de 2010

Das assombrações que insistem no furto identitário

Incrível como há assombrações que fazem parte das nossas vidas como se fossem, por exemplo, o nosso necessário estômago. Analogia um pouco grosseira, mas totalmente coerente.
Há as assombrações mais comuns, como aqueles quilos a mais que insistem em nos perseguir, aquele assunto mal resolvido que não sai da cabeça, as mágoas guardadas bem escondidas... Mas há aquelas assombrações que, na minha opinião, são as que mais assustam: as assombrações que insistem no furto identitário.
Definição complexa? Nada disso, simples como estas assombrações são.
As assombrações que insistem no furto identitário são aquelas que não conseguem algo além do que o simplismo. O simplismo, não a simplicidade.
O simplismo, termo bem pejorativo praquele indivídio tão simplinho, mas tão simplinho que insiste em ser autêntico às custas das ideias alheias.
Estas assombrações são compostas por uma incrível incapacidade de mostrar-se no seu verdadeiro eu, porque este verdadeiro eu chega a ser tão raso que não transborda interesse.
Posso parecer meio prepotente com esta escrita, mas assumo minha alma de persona non grata, narcisista e auto-contemplativa, assumo e creio que isto é o que me faça ser alguém permeada por este tipo de assombrações que insistem no furto identitário.
Assumo também a minha substância mais egoísta em um mundo que, aparentemente, clama por pessoas solidárias. Não sou tão solidária assim a ponto de dividir a minha identidade.
Desculpem as assombrações de furtos identitários, mas me sinto rasa de tudo o que não é autêntico.

domingo, 18 de julho de 2010

Julia e Patrick e seus casamentos

E hoje vi uma comédia romântica, dessas que a gente quase se truicida de inveja depois de ver, que me fez ficar pensando sobre realmente qual o valor de nós mulheres no mercado. Mercado foi boa... bem capitalista, mas acredito que seja o ideal para este texto.
Bom, o nome do filme é O melhor amigo da noiva, com o fantástico Patrick Dempsey (que sou apaixonada desde que ele fez Namorada de aluguel em 1.346 a.c.). Então, o filme não passa de uma mímese de O casamento do meu melhor amigo, com Julia Roberts. Lembram?
Contextualizando...
Julia Roberts tem um amigo de bilhões de anos e ele vai casar, ela é madrinha e descobre que o ama e sempre o amou e quer acabar com o felizes para sempre. Patrick Dempsey tem uma amiga de bilhões de anos que vai casar, ele é a "madrinha", e descobre que a ama e sempre a amou e também quer acabar com o felizes para sempre. Tudo igual? Não, cara pálida.
Julia se deu mal na história e ficou sozinha ao som de I say you little prayer for you e Patrick conseguiu fazer com que a amiga deixasse seu noivo no altar para viver feliz para sempre com ele.
Minha humilde limitação vendo esses dois filmes é: Por que ela não conseguiu? Por que ele conseguiu? Por que o tempo não foi perdido quando ele percebeu que amava a sua amiga e para ela o tempo tinha se limitado?
Por que em nossa sociedade, nós mulheres, por mais que lutemos, busquemos, ousemos e arrisquemos não temos o nosso final feliz como esperado? Por que precisamos ser passivas como as princesas dos Contos de Fadas para que algo dê certo somente com a atuação de outro sujeito sobre nós?
Julia lutou em seu filme. Patrick também. A diferença foi o tempo. O tempo não foi perdido para ele. Para ela sim. Precisamos de mais tempo que os homens, vivemos em sintonias diferentes, contextos diferentes que nos separam, demarcam e rotulam demasiadamente.
Se somos vaidosas, somos frescas. Se não somos vaidosas, somos desleixadas. Se gritamos somos histéricas, se calamos: insensíveis. Se lutamos, somos mais macho que muito homem. Se não, somos acomodadas. Se temos ambições e não temos filhos: um horror. Se temos ambições e temos filhos: um horror assim mesmo.
Não temos muitas saídas. Game over pra Julia. Felicidades ao Patrick.



I Can't Get No

Eu estava assistindo notícias sobre o caso goleiro-assassino num programa que aqui chamarei de O papa é Pop (desculpe, Humberto!) cuja apresentadora chamarei de Lulu Jagger (!!!).
Eis que neste programa é anunciado como exclusividade mais exclusiva do mundo dos exclusivos o pai da Elisa Samudio. Como toda telespectadora sedenta por informações a respeito do caso, fiquei atenta.
Lulu Jagger começa a entrevista passando as mãos em seus cabelos de uma maneira quase que descontrolada, revirando-os de um lado para o outro e tentando uma crônica sobre o mundo injusto e violento a la Bial. Bom, a crônica se perdeu no meio do caminho e ela não conseguia dizer mais nada, apenas que o mundo era violento. Quase chamou os comerciais, forjando um choro. Uó.
Logo mais, Lulu Jagger senta a frente do pai de Elisa Samudio e este diz que a criou sozinho, que a mãe era muito nova, foi viver a sua vida, blábláblá. Lulu Jagger, centrada, lembrando o que estudou no curso de Comunicação Social (???) para começar a puxar sensacionalismo.
Papo vem, papo, vem. Isso mesmo, gente, era um papo descontraído. De repente começa as passar algumas fotos da vítima, umas três ou quatro pois o book era limitado e Lulu Jagger fala da beleza da moçoila.
O pai diz que ela tinha um sonho de ser manequim e Lulu Jagger não se controla e diz:
- Não, manequim, não, ela era muito baixinha. O máximo poderia ser um modelo fotográfico.
O pai diz, meio sem jeito:
- É, ela tinha esse sonho de ser famosa nas passarelas...
E Lulu Jagger:
- Não, não, ela poderia ser atriz, então se quisesse ser famosa.
Nossa. Não me controlei e impedida de pular no pescoço girafales de Lulu Jagger, apenas troquei de canal.
Não acreditei em tamanha aberração que se tornou uma entrevista que poderia ser bem sugada, bem articulada, bem administrada.Lulu Jagger não soube tirar o que aquele pai sofrido, mas com esperanças ainda, pudesse dar. Não por audiência, mas por respeito aos telespectadores, que, acredito, não estão nem aí pra altura de Elisa Samudio.
Fiquei pensando na Marília Gabriela encarando aquele homem e com meias palavras fazendo com que ele se abrisse e clamasse por justiça.
É nessas horas que vemos a diferença entre jornalistas e macacos de auditórios.
I can't get no pra Lulu Jagger.




quinta-feira, 15 de julho de 2010

Lady Gaga Mais ou Menos

Fui chamada de Lady Gaga. Não pela minha performance musical, mas pela minha aparência, branca, loira, lisa, esquálida (heim?). Tomei como uma motivação à mudança.
Cabeleireiro, aí vou eu! Escurece, hidrata e repiiiiicaaaaa, repiiiicaaaa muito. E repicou. Nossa, perdi muitos quilos dos meus lindos fios loiros. Fiquei fashion, mais nova e mais magra (na opinião das minhas amigas especialistas!!!). Mudei.
Achei que o mundo mudaria também, mas o máximo que mudou foi minha aura de diva que ficou mais diva ainda, para o desespero de quem não me gusta muito (dá licença: hahahahaha).
Conversando com minha amiga Bel, que muito me xinga, me inspira, me sacode a poeira e me dá a volta por cima, dialogamos filosoficamente sobre a vida mais ou menos.
- E aí cabeçona, como vão as coisas?
- Tuda na mesma, mais ou menos, disse a Bel.
E a partir desta frasezinha, começamos enlouquecidamente a reclamar da vida, a querermos o desespero dos adolescentes, mas com a nossa independência e sabedoria de hoje que temos 59 anos (cuma?). Começamos a querer uma Disney dentro de nós e discordar do Cazuza que pedia a sorte de um amor tranquilo. Nós, não, nós queremos o exagero de estarmos jogadas aos pés.
E o que isso tem a ver com minha versão quase 3.0, repicada???? Chegamos a conclusão de que o mais fácil de ser mudado é o cabelo. Não que mudamos com ele, nada disso, mas a sensação momentânea de ter aquele problema da Lady Gaga resolvido foi demais. O cabeleireiro é o psicólogo imediatista. Nada de sessões longas e sucessivas. Repiiica tudo que resolve.
E depois? E depois os problemas voltam, as raízes voltam, as pontas duplas voltam. Mas e daí? Eu tenho a Bel pra reclamar comigo....

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sem título.

Faz um tempo que não escrevo nada. Os motivos são os mesmos de sempre, a falta de tempo em escrever algo com substância. Pensei em escrever sobre a Copa do Mundo e toda a Capa que ela trazia, mas acreditei que pudesse cair no senso comum de criticar aqueles que juntam dinheiro para comprar uma televisão duzentas e quinze polegadas pra ver as pedaladas do Robinho. Ou até mesmo, dar uma de técnica e ensinar ao Dunga com quantos gansos se faz uma seleção.
Então, decidi não escrever.
Mas acontecimentos, não da Copa do Mundo, mas que têm algo a ver com ela, me fizeram pensar na sociedade cretina em que a gente vive. Cretina. E bota cretina nisso.
O que me trouxe mais indignada do que nunca é o assassinato da mãe do filho do goleiro -assassino-inescrupuloso-psicopata Bruno. Ou a ex-amante, como a Rede Globo costuma mencionar esta mulher, mãe que teve o azar de cruzar com este psicopata. Mas não quero aqui julgar o que este imbecil fez, até porque espero que a justiça o faça e bem feito... Ou se a justiça não o fizer, que na prisão alguém faça o favor de cortar este estrume em pedaços e dar pros cachorros comer. O que quero aqui é deixar claro e minha repugnância com que a Rede Globo está tratando este caso.
"Um futuro promissor na Copa de 2014" foi uma frase dita por um dos apresentadores desta emissora. Nossa! O assassino acabou com a vida de uma mulher por causa de dez mil reais em sua bolada de 500 por mês e ainda o mencionam desta forma? E o futuro desta mulher que nem sequer um enterro pode ter, já que seus restos foram concretados? Mas a que sociedade pertencemos, meu Deus, que mesmo diante de um crime desta crueldade ainda elenca a perda de um goleiro para o futebol?
Eu não sei mais que valores estamos absorvendo a cada vez que somos "abençoados" por frases como esta citada na Rede Globo. Eu não sei mais a que valores somos imbutidos a cada vez que um telejornal passa 3/4 de sua apresentação mostrando a jabulane dos infernos e esquecendo que quando o juiz apita a fome continua na África, no Haiti, no Nordeste e aqui na esquina.
Acho que o que me trouxe até aqui, não foi só esse assassinato com requintes de crueldade protagonizado pelo goleiro de um dos maiores times do Brasil, o que me trouxe até aqui foi a sensação de impotência frente a tudo o que acontece ao nosso redor e que nem ao menos percebemos, pois estamos atentos à ridícula voz do Cid Moreira dizendo Jabulaaaaane.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quem canta seus vizinhos espanta!

Assim, sempre me disseram que eu era uma pessoa suuuuper simpática. Minha mãe me educou na Inglaterra e inspirei uma das princesas da Disney a serem princesas. Uma lady, caros leitores. Entretanto, minha mãe não me ensinou a ter paciência com vizinhos. Nossa! Tenho problemas com esta questão.
Sabe aquela coisa de xícara de açúcar e dois ovos? Odeeeeeio. Explicação? Nenhuma isso requer, furtando a frase do meu amigo Nando.
Mas até aí tudo bem. É algo como antipatia astral, sabe? Não tem nada a ver com as pessoas em si, mas com o "cargo" que é atribuído a elas - vizinho.
Mas, ultimamente, tenho me estressado very very very bastante com minha vizinha que veio da Terra do X e do R (Sabex merrrrmo do que falo???). Nunca me estressei assim de bafão ao vivo, me estresso no meu próprio eu, porque , lembrem... uma princesa da Disney... mas estou prestes a virar a princesa do castelo do c*%$###!!!
Minha vizinha da Terra do X e do R levou muito a sério o ditado quem canta seus males espanta. Mas, zulivreguardi, quem canta daquele jeito chama todos os obsessores pra volta.JustificarEla canta Renata Ingrata e ainda faz eco... Renata, ingrata, trocou o meu amor, por uma ilusão ão ão ão... Dói, dói muito. Ela consegue fazer a voz da Sandy em Tremendo Vacilão. Deu mole pra caramba tremendo vacilão... só que em ritmo de ópera. Não, caros leitores, não sou exagerada.E sabe aquela da Ivete Sangalo Eu vou enfiar uva no céu da sua boca... Ela criou um dialeto próprio pra música, algo como é de baranistáááá, é de baiacobacu.
Vocês não tem a real noção do terror que é. esse showzinho digrátis. Tudo isso na minha janela da cozinha enquanto ela, faceira, feliz e cantante lava roupas em sua área. E isso não é nada, porque ela canta em ingreis também, mas ainda não consegui decifrar de quem é a música pra poder repartir esta maravilha com vocês.
Diante de tudo isso, fico até feliz por não poder enxergá-la da minha janela, porque ver a performance corporal (chão! chão! chão!) dela enquanto canta seria demais pra minha educação britância.
E termino este post mimoso e musical modificando o ditado: Quem canta, seus vizinhos espanta!!!

sábado, 15 de maio de 2010

E sobre Viver a Vida...

Assim, na falta de um conteúdo mais sério, já que minha cabeça loira acabou de escrever coisas sobre o Estado e Políticas Públicas (porque yo soy culta, sorry), escreverei aqui baseada em David Gilmore (???) sobre o final da novela Viver a Vida. Não minha gente, não vejo novela, leio sobre o Produto Interno Bruto e sobre o aquecimento global das nove ás dez, mas neste dia (só neste!) assisti a novela.
Comecemos pelo Coisa Ruim. O Coisa Ruim entrou na novela do nada, no núcleo pobrástico e no final, virou Coisa Boa, aparecendo mais do que a Helena.
Só para lembrar, vocês, caras leitoras, a Helena é a... a.... a.... quem é mesmo a Helena?
O único pobre da novela desencarnou. A favela também e o Coisa Ruim, atual Coisa Boa, foi morar na Vila, e a Vila... não é qualquer Vila. É A VILA.
E se o pobretão desencarnou, a nipônica mais chata do mundo dos chatos, desencalhou. E se tivesse Viver a Vida 2, eu apostaria dé real como ela não seria escalada e o Dr. Ricardo ficaria com a mega super ultra sincera franca e prepotente da Isabel que até o nheco nheco da mana virgem pura minha ternura babou.
E por falar em babar, babou a pensão que a Dora receberia do Pelé, pois o filho era do Maradona.
A Helena (quem é ela mesmo?) tentou ser a melhor amiga de infância da Tereza, mas tomou mais uns desaforos pela cara... E a Tereza como não é burra nem nada, ficou de xaveco com suas lembranças de outra vida com o Marcos Mayer, mas preservando o francês. Porque importado, minha gente, é sempre mais caro!
Dessa vez, a empregada da Helena Quem é Ela Mesmo nem deu as caras e foi a empregada da Betina que roubou a cena dando conselhos bem sensatos pro Gustavo. E o Gustavo? O Gustavo nadou, nadou e morreu na praia... mas pode ser convidado para o corpo de Baile do Municipal, devido a sua dancinha quando foi abrir a porta pra Malu. Demais!
O gêmeo Mala pegou a mais bonita da novela e foi morar na Vila. A Paixão pegou o buquet e não aconteceu nada, de Paixão só o nome. E a profissional do Sequisso Pagu, Juju, Zebu, Fraju apareceu no casamento do gêmeo Mala pra que mesmo?
A Ingrid, gostei, ficou sendo a Ingrid mesmo, sem mudanças surreais, apenas mais louca a cada dia. Mas e os cavalos do marido dela??? Onde estão??? Aqui estão??? Eles se saudam, eles se saudam e se vão, e se vão!
E o Rio de Janeiro continua lindo, o Thiago Lacerda continua lindo, o amigo do Thiago Lacerda o Loiro Hilbert continua lindo, a mãe do Thiago Lacerda continua linda e sem nada pra fazer (vender Avon?) e a Luciana depois de parir gêmeos continua linda.
E viveram felizes para sempre...
FIM


sábado, 8 de maio de 2010

E sobre o Dia das Mães...



Então, ainda não escrevi sobre o Dia das Mães, mas compartilho o que rabisquei para as gurias que trabalham comigo...


Gurias,

Procurei mensagens que pudessem definir e homenagear vocês neste Dia das Mães. Não vou dizer que não achei... Achei sim, mas aquelas mensagens cheias de “nhem nhem nhem” que mais dizem que maternidade é doação, acalento, como se nós, mães, fôssemos intocáveis. Outras mensagens, ainda, mostram as dores e as delícias do ser mãe, como se já não soubéssemos muito bem!

Então, decidi que quero, pelo menos, individualizar vocês... Nada de uma mensagem que caiba para todas porque cada uma de nós é “cada uma de nós”, com o perdão da redundância.

A Taninha, por exemplo, é toda no diminutivo, mas tem uma capacidade no aumentativo... Ela é Pai também, e um grande Pai!

A Rafa tem o privilégio de viver a maternidade sob dois focos: o da menina e o da mulher. O da mulher fantástica, batalhadora, uma mulher com uma disposição imensurável para ajudar!

A Taís está sendo “mãe na marra” e sentindo também que precisa de uma. A ela, ofereço o pedaço Mãe que existe em mim.

A Naná, que vive um dia de cada vez, não perde as forças, nunca, quando o assunto é o Vavá e a Gabi. A eles, ela dedica todo o seu eu, custe o que custar!

A Vivi, literalmente, sentiu a dor que nenhuma de nós deve sentir e mesmo assim seu nome é Serenidade, Amorosidade e Companheirismo.

A Marta, pelos seus atos, tatos e ousadias, é uma leoa que faz de tudo para defender os filhos com toda a garra que é uma de suas marcas pessoais.

Que nossos Migueis, Pedros, Matheus, Nandinhos, Kailanys, Vavás, Gabis, Esthers, Netinhos, Ruthys nos façam cada dia mais pessoas melhores.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O dia em que a Terra parou...

E então, ontem, domingo, família reunida pro almoço dos 35 anos de minha mãe (heim???), dois prá lá, dois pra cá... piada, lembranças da infância pobre, lembranças da adolescência rica (onde?), lembranças de bebês gorduchos e filhos malcriados... Eis que meu dindo, irmão da minha mãe - e também do meu tio e da minha tia - resolve fazer uma declaração que me deixa sem chão, deprimida, e perplexa.

Não, ele não matou ninguém.
Não, ele não vai fazer a cirurgia de troca de sexo.
Não, ele não é adotado.
Não, ele não está com o pé na cova.
Não, ele não foi escalado para o BBB 11.

(Pausa para o choro descontrolado.
Despausa.)

Meu querido dindo resolve contar o segredo da maçonaria:
Minha família não é a minha família. Não, não fui trocada na maternidade.
Foi o meu tataravó, que se fosse vivo teria uns 234 anos, que trocou o nome da família.
Peraí. É confuso. É doloroso. Contém cenas chocantes. Tirem as crianças da sala.
Eu, Rita Perez Germano de Orleans e Bragança, sou uma invenção de meu tataravó criativo.
Meu tataravó criativo foi registrar meu bisavô e trocou o sobrenome da família real. O nome dele era Alguma Coisa Solano e ele registrou o filho de Laurentino Perez.
Então, meus camaradas, meu Perez não é meu. Seria um Solano, muito do pobrinho no lugar.
Vocês estão tendo o meu alcance de que eu na verdade não sou eu? Sou uma verdade inventada. Meu Perez não é da família da Jeniffer Lopez... Não tenho alma espanhola. Mi español is fueda.
Agora, caríssimos leitores, me imaginem como Rita Solano Germano... Que redundância! Que falta de classe!
Em épocas de educação ambiental, minha árvore genealógica foi despedaçada, arrancada pela raiz de seu habitat natural. Esperem um momento que vou ali me jogar da ponte.






Como assim??? Posso ser prima do Mateus Solano??? Ele pode me abrir as portas de Hollywood??? Posso ser o pico de audiência que faltava em Viver a Vida??? Hum...

sábado, 24 de abril de 2010

Nossa Senhora Glorinha Kalil, livrai-me deste mal, amém.

Quinta-feira achei que estava em outra galáxia. Estava na frente do colégio do meu filho, quando de repente surge uma rainha de bateria descendo as escadas. Nossa... Só não saí sambando e me quebrando toda porque não tinha música e meus olhos não permitiram que meus pés se mexessem. Eu estava em choque.
A visão era do inferno. O elemento do sexo feminino estava de jeans, blusa de zebrinha, okean roxa e, pasmem, no cabelo um coque com plumas e flores roxas. O adereço do cabelo combinava com a okean roxa... Mulher sempre está ligada em combinar... até na desgraça!
Bom, se a zebra combinava com alguma coisa, ela tinha esquecido em casa. Os roxos se encontraram no sapatinho de EVA e nas plumas, mas discutiam loucamente e o jeans era a oitava maravilha do mundo. Já imaginou se ela tivesse de saia-calça azul celeste???
Se eu estivesse sozinha, teria achado que essa campanha toda contra o crack estava me afetando, mas não. Eu tinha testemunhas. Eu tinha com quem excomungar aquela peça retirada de um cenário da Broduei (sim, com esta escrita!). E excomunguei. Olha até evoquei a Nossa Senhora Glorinha Kalil pra livrar-me de todo aquele mal, amém.
E daí, eu pergunto: Pra que nascer mulher??? Por que não veio um brócolis, uma caixa de papelão ou até mesmo uma árvore de Natal???
Podem me matar, caros leitores, podem me chamar de tudo: insensível, imatura, fútil, retardada... Podem dizer que o mundo tá desabando junto com o Morro do Bumba e eu postando bobagens. Podem dizer que a fome é mais relevante e que a Política me dá muito mais motivos pra que eu escreva com seriedade e comprometimento e eu preocupada com imagem. E por aí vai...
Mas que eu não sou nada egoísta e quis compartilhar esta aberração andante com vocês, ah isso eu quis!!!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

" E o que vai ficar na fotografia, são os laços invisíveis que havia..."


Tenho uma amiga, a Maria, que não é lá muito chegada em minha mania de tirar fotos. Não vou dizer que cada mergulho é um flash na minha vida, pois isso é um ditado de mil novecentos e noventa e dois... E eu sou cosmopolitam.
Mas que adoro estagnar o tempo, isso eu adoro.
Minha resposta pra Maria (e qualquer outra pessoa que fala deste meu, digamos, "problema") é sempre a mesma: A gente morre, ficam as fotos!
A Maria ri e se gruda em mim pra guardarmos os momentos com um sorriso no rosto sem igual.
Gosto de como um momento pode ser guardado num papel.
Quando olhamos as fotos, não vemos apenas cores, vemos também sabores. Sentimos. As sinestesias tomam contam de nós quando revemos pessoas, lugares, fatos e atos por meio de fotografias.
Namorados rasgam fotos em brigas.
Amores são beijados pelas fotos.
Dores são sentidas pelas fotos.
Fotos são colocadas junto ao peito na angústia, na saudade, na paixão.
Mães abraçam filhos pelas fotos, até mesmo quando ainda não nasceram...
Com as fotos temos a oportunidade de ter, voltar, ver, reviver.
O tempo é estagnado pela fotografia e ali é feito História. História com H maiúsculo, porque cada um de nós tem a sua História a ser contada, evidenciada e celebrada.
Leoni cantou a magia da fotografia em "Fotografia": E que vai ficar da fotografia, são os laços invisíveis que havia... E sentiu que para além de figuras e emotivos, há laços invisíveis, com o perdão da redundância, que extrapolam o papel.
Quero continuar guardando minhas Histórias num papel. Mas quero que elas sejam vistas pelas entrelinhas... quero que elas sejam sentidas por quem ali passar.
E enquanto isso não quero deixar o meu dia passar de uma fotografia. Quero que o meu dia mereça estar em uma fotografia.

http://www.youtube.com/watch?v=znxJGABVz3c

sábado, 17 de abril de 2010

Da minha gargalhada

E então uma amiga de velhos tempos escuta a minha gargalhada e diz:

- Nossa, te reconheci pela gargalhada! Tu não vai parar de gargalhar nunca?
Respondi:
- Se eu parar de gargalhar, me leva flores.

E é fato.
O mundo pode estar caindo, as certezas podem estar sendo desfeitas e os laços desamarrados, mas a minha gargalhada pode ser ouvida.
Porque este é o meu eu. Um eu que ri, que acha graça do inesperado e que vê cores nos momentos mais infâmes e caóticos.
Se isto é positivo ou negativo? Não sei. E também não pretendo classificar a minha gargalhada com sinais matemáticos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fiadapú, te pego lá fora.

E a minha vida daria um filme daquelas comédias da Tela Quente.
Eis que me vou à costureira para fins modísticos, porque meu nome é Rita Fashion Perez Germano (heim?) e então a costureira que aqui chamarei de Fiadapú me pediu um favor.
Fiadapú: O menina, será que tu poderias experimentar essa blusa pra mim?
Eu, me sentindo a modelete: Tudo bem dona Fiadapú.
Fiadapú: Sabe o que é... é que minha cliente tem os braços gordos que nem os teus... (Isso mesmo, caro leitor, ela fez isso.)
Eu, com uma cara de "ã": Aham...
Fiadapú surge com uma blusa que mais parecia uma colcha de tão imensa, abre o buraco do braço e enfia no meu.
Fiadapú: Ah, teu braço nem é tão gordo quanto o dela, mas acho que dá...
Eu, enlouquecida, raivosa e com instinto assassino: Fiadapú, vai pra ponte de paris, tu tá pensando o quê? Sua bigoduda de merda, vai fazer esta barba que tens um maranduvá embaixo do nariz. Braço gordo tem a mãe do Badanha e toda família dele, meu braço é fortinho... não tem nada de gordo. Vou te pegar ali na esquina e acabar com todos os dentes sobreviventes que tens nessa boca imunda. (Tá tudo isso é licença poética)

Saí de lá pensando seriamente em me atirar do quinto andar do Edifício Latoscana (aquele da Pampa), porque aquela bigoduda só pode ter sido enviada pelo vermelhudo lá do andar debaixo pra acabar com o meu rico dia. Aff , não sabe nem a diferença de balonê pra saruel... e nem distingue os vááááários tipos de xadrez que existem. Gucci pra ela é marca de achocolatado em pó e Prada é a mulher do Prado.

Mas, eu prometo, ah eu prometo, que volto lá com uma cera quente e peço pra ela experimentar no urso que ela tem embaixo do nariz pra ver a cera funciona....

E quem me ama deixa comentário dizendo que meu braço não é gordo (se não os dente cai tudo).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Do silêncio.


Às vezes fico pensando, o porquê de vermos mais televisão do que lermos. Sei que a resposta parece óbvia: por toda a multiplicidade de linguagens que há na televisão e seu dinamismo, blá blá blá. Mas não quero esta obviedade. Quero uma explicação mais poética, metafórica, mais condizente com as vozes do ser humano.
Lemos sozinhos. E qualquer tipo de isolamento e individualização, hoje, é tomado como sintoma de que algo não está bem. Vivemos no coletivo e o monólogo pode nos causar um sentimento melancólico. Pode nos causar esta solidão e este silêncio.
E temos aversão à solidão. Temos aversão ao silêncio.
E cheguei onde queria chegar. Ao silêncio.
Li uma frase do escritor Carlos Castañeda em que ele afirma que o silêncio é uma das coisas mais poderosas que existe. Achei encantadora esta frase e fiquei a refletir sobre as múltiplas faces do silêncio.
Fiquei a refletir sobre o silêncio que fala, o silêncio que transcede a palavra, o silêncio que grita, o silêncio que aquieta.
Estar em silêncio, algumas vezes, pode ser mais perturbador do que a palavra mais articulada.
O silêncio corrompe, arranha, maltrata.
O silêncio alimenta, festeja, anuncia.
O silêncio renuncia, chora, marca.
O silêncio define, exclui, sente.
As maiores verdades são ditas na quietude de um silêncio. Basta termos a sensibilidade para traduzi-las.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Do meu joelho esfolado


Sinto saudades do meu joelho esfolado.
A cada joelho esfolado uma história, uma singularidade, uma magia.
A cada joelho esfolado uma brincadeira, uma correria, uma ação, um sorriso.
Na minha época, os joelhos eram outros.
Sinto saudades do meu joelho esfolado...
... e de todas os encantos que ele significava.

domingo, 11 de abril de 2010

A teoria do feio


Não sei o que me trouxe a escrever sobre beleza. Talvez a minha estonteante mistura de raças que ocasionou em minha pele alva e meus caracóis nos cabelos (heim?!)... Mas o caso é que ao buscar mais subsídios para esta escrita apenas me deparei com métodos e técnicas para chegarmos, enfim, à beleza extremada, idealizada, a beleza midiática. O manual da beleza sonhada está por todos os lados, nos provocando, nos metendo o dedo na ferida.
Nada. Não encontrei nenhuma resenha, monografia, artigo, dissertação que explanasse sobre a dita cuja. Nada que me desse argumentos de autoridade suficientes para que eu possa corromper com a estética publicitária almejada por todos de uma maneira, digamos, mais brilhante . Sem bibliografias!
Mas encontrei a Teoria do Feio do jornalista Xico Sá que afirmou que a beleza acomoda e que o feio vence aos poucos e com mais conteúdo. Achei hilária tal afirmação e se refletirmos à luz da pós-modernidade, Xico está coberto de razão.
O bonito chega e chega. O feio não é notado, precisa esforçar-se para se fazer presente.
O bonito basta olhar para encantar . O feio é necessário falar. E falar bem.
O bonito ganha por nocaute. O feio? Por pontos, lentamente, fazendo todos ficarem atentos à sua luta.
Sem traços "novelísticos", o feio precisa de outros atributos para chegar ao pote de ouro do fim do arco-íris e esta busca é positiva para ele, já que, desacomodado, ele bebe de fontes que o bonito não precisa! Daí, então, a teoria do jornalista de que a beleza acomoda.
Teorias à parte, o que é fato na sociedade atual é que o belo é bem melhor tratado pelo mundo do que aquele que não foi visitado pela fada da beleza. A beleza abre portas, janelas e portões. Constrói pontes e elimina muros.
Mas o mais certo ainda é que com olhos azuis ou nariz torto a busca pela substância deve ser uma prioridade eterna.

Presentinho!

Mexe com os seus também?
Por quê???

Pela porta da frente...

E em tempos de "Rebolation bate na palma da mão, vai..." eis que nas linhas do horizonte surge uma menina com ares de Cássia Eller, com a prepotência de Elis Regina, com a autenticidade de Ana Carolina e com a sua própria voz, de timbre diferente, levemente rouco, inigualável, que não me atrevo a comparar.
Estou falando de Maria Gadú. Estou falando de Música com M maiúsculo. MPB na veia.
Em uma época em que fórmulas prontas se repetem e antigos sucessos tentam salvar a carreira de alguns, Maria Gadú chega com seu CD em que todas as suas músicas são dignas de aplauso em pé.
Maria Gadú canta Baba Baby de Kelly Key (ou seria do Latino?) com uma delicadeza e substância de arrepiar. Maria Gadú canta Doce, doce, doce, a vida é um doce vida é mel, da Xuxa, como se fosse um mantra. Maria Gadú canta o que quer e fica fantástico.
Acredito que sua liberdade e seu atrevimento musicais a deixem muito tempo neste cenário. LIVRE… ela toca e canta o que lhe dá vontade, e não se limita a cultura de massa para buscar mais admiradores. Ela própria a admira e isso basta para que sua música seja difundida.
Sem dúvidas, entra pela porta da frente da Música Popular Brasileira, mas se não entrasse ela poderia muito bem pular a janela, pois shimbalaiê pra isso ela tem de sobra.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Heim?

De que vale meu cabelo liso se as ideias são enroladas dentro da minha cabeça?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dunga

Não queria estar aqui escrevendo. Não por este motivo.
Mas parece que escrever me liberta um pouco. Me acalma. Me acolhe a alma.
Meu Dunga, meu cachorro loiro e liso se foi.
Se foi sem me dar tchau, sem me explicar o porquê, sem me deixar que eu implorasse pra ele ficar.
Ficar pra me fazer mais feliz todos os dias. Mais feliz com sua presença.
Não quero usar o verbo no passado. Mas o verbo no passado se faz presente.
Ele era o melhor companheiro do mundo, um companheiro silencioso,carinhoso, comilão e esperto.
Sorria pra mim. Sorria com seu rabinho balançando cada vez que me enxergava, cada vez que me dava a honra de merecer o seu carinho.
Ele não me respeitava. E eu não ligava, não ligava porque sua companhia era bem melhor que qualquer tipo de respeito.
E agora eu não terei mais aquele aconchego, aquele pelo macio, aquele pulo alegre, aqueles olhos pedintes. Aquela luz.
O Dunga era luz.
Só me resta agora inventar a presença dele pra que eu possa pretensiosamente viver sem toda a sua luminosidade.

Vão falar

"Vão falar que você não é nada
Vão falar que você não tem casa
Vão falar que você não merece
Que anda bebendo e está perdido
E não importa o que você dissesse
Você seria desmentido
Vão falar que você usa drogas
E diz coisas sem sentido
Se eu for ligar
Pro que é que vão falar
Não faço nada…"

Desconheço a autoria, mas foi regravada pelo Capital Inicial... E na voz simples e sem oscilações do Dinho Ouro Preto confundida com seu jeito "sou assim de ser" fica fantástica.
E vão falar...
Se você fizer mal feito, se você fizer bem feito, se você não fizer, se você fez não querendo fazer.
Vão falar...
Se a torneira ficar aberta, se a luz estiver apagada, se a conta estiver zerada, se você estiver gastando muito.
Vão falar...
Se o beijo for molhado, se o grito for abafado, se o grito for gritado, se o beijo for negado.
Vão falar...
Se o arroz estiver grudento, se a massa estiver al dente e se a Coca-Cola estiver sem limão.
Vão falar...
Se o silêncio for o luxo, se as palavras forem o lixo e a sanidade for o surto.
Vão falar....
E vão falar.
E se um dia calarem é a vez de você pensar o porquê de não estar fazendo mais cócegas na alma de ninguém.
E rever seus conceitos pra não ser você a falar.

sábado, 20 de março de 2010

Espiadinha


Acho engraçado a incrível "repúdia" que o Big Brother Brasil causa nas pessoas, mais precisamente, nos pseudo-intelectuais. Vida alheia??? Nada disso prefiro assistir a misteriosa vida dos golfinhos no Dyscovery Channel...
Por que acho engraçado? Porque estas mesmas pessoas que primam por uma cultura elitizada e desprezam a cultura massificada e inútil, têm Orkut. Se exibem no Orkut. Se mostram no Orkut. Vivem o Orkut.
O Orkut é o BBB dos não-famosos.
A partir de agora não usarei a 3ª pessoa do plural -eles - mas sim, a 4ª pessoa - nós -. Motivo óbvio. Me encaixo e me assumo.
Mostramos as conquistas, divulgamos as derrotas, declaramos guerras, impomos ideias, exibimos as medalhas do nosso dia a dia. Com uma simples e clara intenção: A ESPIADINHA.
A espiadinha é necessária, somos nós na mira. E isso engrandece. Define. Divulga.
Necessitamos do olhar do outro, seja de aprovação ou negação, para que nossos atos sejam mais interessantes, nossos ganhos mais potencializados e nossas amarguras mais amargas.
Somos atores deste imenso BBB virtual que é o Orkut e condenamos que algumas pessoas tenham suas vidas, suas crises, suas manias, suas luxúrias e suas ousadias filmadas e expostas por um milhão e meio de reais.

É engraçado ou não é?


domingo, 7 de março de 2010

O Haiti é aqui

Aquela expressão meu chão nos diz muito sobre o que alguém ou algo representa para nós, a base, a segurança, a estabilidade. O chão é a nossa certeza, pisamos e ele está ali firme e forte.
O que um terremoto representa além das perdas, é que nada é certo. O chão é abalado, rachado, destruído, e para além do chão, o que nos resta? O que mais é certo ? O que mais nos segura?
Fiquei muito angustiada com o terremoto do Haiti e com o do Chile, assim, praticamente juntos. Famílias foram destruídas, filhos sem pais, pais sem filhos, bases desfeitas, lugares devastados.
O mundo se comoveu e muitas pessoas foram ajudar, dar algum tipo de conforto e quem sabe até segurança para aqueles que hoje estão, literalmente, sem chão. Meu mais sincero aplauso a estas pessoas.
Mas o que me consome também é o fato de uma tragédia natural gerar muito mais consideração e atuação das pessoas do que a tragédia social em que o Brasil vive. Não estou dizendo que o Haiti e o Chile não precisem de mãos amigas, estou dizendo que aqui do meu lado tem quem precise do mínimo do básico para sobreviver, porque viver é mais sofisticado.
Quero entender o porquê que alguns sem chão, continuam sem chão. O porquê que não há mobilização para as tragédias sociais como há um espetáculo de boas ações para as tragédias naturais. Não sou ingênua e sei que as naturais levam, paulatinamente, às sociais, mas quero justificativas convincentes das sociais serem eternas sociais.
Admiro quem se desloca até outros países com o intuito de ajudar, mas admiro muito mais quem começa pelo seu vizinho e reconhece que o Haiti é aqui, como cantou Caetano.
A esses anônimos, aplausos em pé.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A tia Neiva

Numa dessas andanças da vida, fomos eu e Maria na Lagoa do Jacaré prum mergulho a la novela, em câmera lenta, sorriso no rosto e trilha sonora (imaginou a cena né?). Chegando lá, sentamos à beira da lagoa a observar o horizonte e pensar na vida (outra cena de novela!) e enquanto criávamos coragem para entrar na água, descobrimos a Tia Neiva.
A Tia Neiva estava com sua sobrinha dentro da água. Tia Neiva nos fez desepertar o riso de uma maneira descontrolada, pelo menos o meu, que é facinho, facinho...
Uma figura caricata, desengonçada, desprovida de beleza e de noção. Mergulhava como se estivesse competindo a medalha de ouro, batia os pés e nada de sair do lugar. Quando emergia, seu cabelo parecia o Galeão Cumbica (Professor Raimundo, gente!) e mesmo assim ela sorria pra plateia e soltava algumas pérolas do tipo "nham nham nham".
Tia Neiva criava seus inimigos e jogava água neles. Pelo menos no nosso alcance ocular, meu e da Maria, eles não apareciam. Tia Neiva dançava ao som de De Javu: "quem cê pensa que eu sou, se não sou o que pensou, me libera, não insista..." de olhos fechados e sorriso no canto da boca. Tia Neiva não percebia os limites do perigo e sua sobrinha, de por volta de 8 anos, é que a puxava para a beira da Lagoa. O que mais ouvíamos era:
- "Vem, tia Neiva, vem!"
Tia Neiva, olhava, ria, soltava um nham nham nham e mergulho de novela de novo.
Quem me conhece imagina o quanto eu estava com a boca aberta de tanto rir.
Mas depois, pensando nas amarravas que a vida nos faz, percebi o quento Tia Neiva era feliz.
Tia Neiva era protagonista de sua vida, de suas vontades e eu, mera espectadora, sem interagir.
Tia Neiva estava vivendo sem limite, fazia o que lhe dava vontade sem pensar se a estariam julgando.
Tia Neiva era cheia de possibilidades e eu ali. Apenas ria. Um riso figurante, sem importância, sem validade nenhuma pro momento que não era meu.
Tia Neiva vivia o momento deliciosamente sem perceber que isto, sim, era viver.

Ás vezes, é necessário um encontro como este pra percebermos que as possibilidades de vida estão dentro de nós e não nas convenções a que estamos imbricados.
Que todas as "tias neivas" ocultas habitantes em nós sejam despertadas, um dia...


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Me demito!

Tô chegando à conclusão de que o famoso ditado o trabalho enobrece o homem, não faz tanto sentido assim.
Relendo meus textos anteriores, os do início de 2009, percebi o quanto eu escorregava pelo teclado com uma densidade e (des) estabilidade (in) segura incrível.
Cheguei a pensar: Fui eu?
E então percebo que de uns tempos pra cá em que um cargo profissional tomou conta de mim, meus escritos não deslizam. Fugi pro humor rápido e fácil a la Didi Mocó.
Não abandonei minha maneira de escrever, meu modo de ver o cotidiano, apenas repasso para o papel de uma forma mais leve, descontraída e até sem conteúdo, digamos assim.
O trabalho tomou conta de mim.
Minha coletânea de crônicas de Cony, meus contos de Nelson Rodrigues e de Allan Poe estão quietos, não me provocam mais, não me vêm mais, não me abusam mais.
A premissa parodiada: "leio logo existo" é verdadeira, embora a verdade seja um conceito discutível. Mas é verdadeira. Não leio, não existo, não me inquieto, não produzo. Leituras medianas, rápidas e de baixas calorias rendem escritas medíocres e sem gorduras trans.
O porquê de tudo isso? Por que eu li isso aí embaixo e senti falta de mim:

"Que o sapato seja provisório e nossos pés descalços permanentes...E que a festa seja longa e as músicas envolventes o suficientes para dançarmos até o fim... Até o sol raiar."

"...Para além das minhas imperfeições, sou narcisista.Uma narcisista autocontemplativa."

"Certeza é quando se chega ao fim da busca."

"Quem vê meus cabelos lisos e loiros tendenciosos à moda, não imagina que eles escondam um turbilhão de desconexões altamente tóxicas prestes a explodirem."

"Eu vivo porque eu rio do improvável, acho graça do ridículo. Eu vivo porque me permito ser eu mesma até debaixo d'água."

"Sou destrambelhada porque que me habito nas minhas concepções. Nas minhas vontades e nas minhas ânsias. Uma Destrambelhada com D maiúsculo e com muito orgulho!"

"O tempo pode ser cruel ao ponto de distanciar a presença, mas é sensato o suficiente para fazer dessas presenças mais do que concretas, fazê-las eternas. "

"Neruda definiu saudade,Quintana e Lispector também, mas Nando Reis dispensou definições. Nando Reis sentiu a saudade e nos cantou. "

"Não sou a protagonista da Cartilha do Amor Eterno, Sublime e Sensato, mas que me permito viver no meu próprio sucesso amoroso, isso eu me permito bem permitido, com todas as permissões plausíveis e inventadas possíveis e impossíveis. "

"Já perdi a viagem pela minha astúcia e já viajei pela minha inconstância."

"O tempo nos ajusta às ilusões e modifica o tamanho de tudo.Com o tempo, o real tamanho das coisas se mostra. Com o tempo o que não era tão notável, agora é bem notável.E o que era bem notável, agora nem é tão notável assim."

" O eu te amo só tem fundamento se vier com barulho,com movimento, com oscilação... ele não é um lugar de repouso."

"Somos feitos de contradições. São os nossos desejos permeados por alguns valores que estão brigando. É a nossa intenção, munida de nossas máscaras, que está prestes a gritar. É o elo entre o sim e o não que está pedindo para ser aceito."


Não sei se o trabalho enobrece o homem, mas a mulher, ele não enobrece não.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Promoção: Mate e ganhe passagem pra Suíça.


Fiquei transtornada quando li a notícia de que um dos assassinos do menino João Hélio foi solto e está indo morar na Suíça. Isso só vem ao encontro da ideia de que a lei no Brasil é um incentivo à criminalidade. Falei bonito demais, eu acho: a lei no Brasil é uma merda, é hipócrita, é vendida.
O desgraçado cumpriu três anos de medida sócio-educativa em uma instituição e foi pra Suíça
com auxílio de uma ONG* que o ajudará a ter uma identidade nova.

E ONG pra ajudar a família de João Hélio que nunca mais terá um dia em que não lembre desta tragédia, onde está???

E identidade pra esta família, alguém já pensou??? Só tem uma: a do sofrimento, da dor, da desgraça.

Dá vergonha de ser brasileira, fazer parte desse país que tem os valores invertidos. Fazer parte de uma nação que ajuda vagabundo legalmente a ter uma nova vida, depois de ter arrastado um inocente de seis anos por 7 km até a morte.

Só espero que alguém tenha tido o bom senso de levar este assassino até a Suíça amarrado pelo cinto num pára-choque, já que pro inferno ninguém o mandou.


* Projeto Legal é o nome da ONG que exportou esse assassino.


Em tempos de Photoshop...

Fiquei sabendo por uma fonte mega-ultra-power-segura que a Playboy quer a todo custo a Helenita do BBB 10.

E ela disse não.

Ô, tio da Playboy, olha eu aqui:

* quase uma doutora em Linguística (tive aula com o Átila);
* má (eu dei pau num guri na sexta série e passei na roleta do ônibus sem pagar uma vez) ;
* gorducha (tá, não precisa lembrar);
* cronista que nem o Bial (só falta uma frase de efeito do tipo Use filtro solar).



Não serve eu???

Estudo propostas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

No Reboleixonxon...

No Reboleixonxon
No Reboleixonxon
No Reboleixonxon
No Reboleixonxon

E não para por aí:


Ainda tem a famosa onomatopéia: Bate na palma da mão Xá XáXá Xá

E a frutarada toda no reboleixonxon, no reboleixonxon...


Eu só fico pensando... Com essa vasta cultura musical que avança no nosso país como será o desfile da Mangueira daqui a dez anos???

Aguardo previsões, embora eu já tenha algumas...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Inconstante e borboleta...

Acho que preciso de terapia pra eu saber de onde vem a minha inconstância profissional. Clarice Lispector era "inconstante e borboleta", mas ela era a Clarice, né cara pálida. Eu sou só a Rita.

A Rita que sonha em fazer parte do serviço de inteligência da Homicídios pra desvendar os crimes mais perfeitos, incluindo os serial killers mais procurados. Analisar a obra, refazer a cena, investigar as entrelinhas até fazer o suspeito se entregar só com a minha maestria verbal. Usar terninho, salto e uma arma escondida na bota.

A Rita que sonha com uma máquina de costura pra criar roupas, com um estilo único. Ter um lugar no SPFW e arrancar suspiros das mulheres mais fashions, lindas e loiras do planeta e dos homens mais "metros" também. Rita G. Basic será o nome da griffe, tudo nada básico, mas fingindo ser.

A Rita que sonha em ser uma jornalista de sucesso que dará boa noite junto com o Bonner. Depois de algum tempo, ter um programa do tipo Rita G. in World, (assim, em inglês!) onde irei fazer um tour por esse mundo bão (eu disse mundo bão, nada de Afeganistão!) pra depois contar pra todo mundo num quadro do Fantástico. Em seguida, serei convidada pra fazer parte do Saia Justa, no lugar da Beth Lago, já que ela será demitida depois de lerem no meu blog "Uma pena Beth". Só não aquero acabar minha carreira dando selinho nas pessoas sentada em um sofá.



- E então Dr. Freud, tu me explica???
- Deita aí no divã, minha cara, que terei que criar uma tal de psicanálise pra te entender...

Nota dez!

*Pra minha Mocidade Independente de Padre Miguel com o pecado na veia!

** Pra Mangueira que fez um trajeto pela música e prendeu a bateria representando a censura. Genial!

*** Pra Portela e seu carro de ultrasson. Nossa! Fantástico!

**** Pro ilusionismo da comissão de frente da Unidos da Tijuca. Abobei!

***** Pro Noel Rosa da Vila Isabel.

****** Pro samba gringo-desorientado-desarmonioso e duro do Petkovic!!! Amei!

Unidos da Língua Afiada!

* Puramordideus não quero ser apedrejada, mas o que era a Elsa Soares naquele carrinho horrendo? Tá certo que se esgualepou toda, se quebrou, sei lá, tá na capa da gaita, mas poderia ter demonstrado seu amor à escola de outro jeito. Doando algumas cestas básicas seria melhor.

** O homem voador já deu o que tinha que dar. Novidade em 2001, não causou euforia nenhuma, ainda mais que o a traqueragem estragou. Achei que só o meu micro-ondas dava pane...

*** A Suzana Vieira se gabando por estar com a costela quebrada e desfilando. Affff. A própria se auto-elogiou, pra variar um pouco, dizendo que isso era muito amor à escola. Ficaria mais bonito ela apenas dizer que tava detonada das costelas e o povo que completasse dizendo o que quisesse.

**** E a Geisy, Geisa, Geisela, Gysely, sei lá... a do vestido curto. Nossa, não aguentou o tranco e saiu no meio do desfile passando mal, com muito calor. Fiasqueira!

***** Fiquei espantada com a ex- rainha do Carnaval, Não sei o que Evangelista, que desfilou pela Vila Isabel representando uma música de Noel Rosa. A moçoila pagou 50 mil pela fantasia e ainda afirmou que Noel Rosa merece tudo isso. Realmente, ele merece ser homenageado, mas não desta forma. 50 mil reais numa fantasia???? Se Noel concordasse nao mereceria ser homenageado.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Uma pena Beth...


Um dos programas que mais me dá prazer em assistir é o Saia Justa. Quatro mulheres, cada uma a sua maneira, expõem suas opiniões sobre os assuntos ali debatidos. Mônica Waldvogel, Maitê Proença, Beth Lago e Márcia Tiburi, são as protagonistas do papo informal e extremamente interessante. Quatro mulheres bem diferentes, justamente por isso o diálogo se faz tão intenso e delicioso.
Mas o que me trouxe a escrever hoje foi a Beth Lago. Sou fascinada pelo humor ácido e sarcástico dela. Adoro suas opiniões curtas e grossas e suas declarações autênticas. No entanto, uma de suas falas me intrigou. Não, na verdade, não fiquei intrigada, ás favas a norma e a boa educação: fiquei puta da cara mesmo.
Em um papo sobre o porquê ainda as mulheres desejam, sonham e se enlouquecem por casamento já que conquistaram direitos e blá blá blá, o que culminava, na minha opinião, com a perpetuação da ideia de que homem é pra sustentar a mulher, Márcia Tiburi com sua magistral filosofia, mas criando um abismo entre o lado profissional e o lado pessoal, disse que a mulher não precisava mais casar, pois hoje as portas do mercado profissional estavam abertas á ela, ela poderia ser top model, médica, estilista, professora... entre outras profissões citadas pela filósofa.
O que me deixou pê da vida, foi que Beth Lago, ao escutar a profissão PROFESSORA, como uma das justificativas pra ela não casar e ter independência disse: professora, não.
E ponto final. Não argumentou. Márcia Tiburi continuou com seus argumentos fantásticos, mas minha cabeça ficou na frase professora, não... E eu perguntou: Professora, não, por quê???
Por que professora, não...

... se foi por uma professora que Beth conseguiu juntar letrinhas para que pudesse ler o suficiente pra estar sempre à frente do seu tempo?
... se foi por meio de uma professora que fez com Beth pudesse explanar tão bem sobre os mais diversos acontecimentos ao nosso redor no programa Saia Justa?
... se foi por uma professora que fez, implicitamente, com que Beth pudesse ter acesso ao mundo da moda mostrando-lhe que a interpretação dos fatos é condição sine qua non para que estejamos no topo?
... se foi por uma professora que Beth conseguiu ler a Vogue e a Elle sejam elas em qual idioma estiverem?
... se foi por uma professora que Beth inicialmente teve a noção de organização da língua, para que depois pudesse falar qualquer uma delas tão bem?

Realmente, nós professores, não lidamos com glamour, estrelismos e nem com o mundo onírico e fascinante da mídia, mas temos a faca e o queijo nas mãos para que tudo isso seja lido realmente como se deve: com criticidade, racionalidade, livre de ingenuidades e com perspicácia suficiente para que os sujeitos que passarem por nós possam interpretar discursos e, assim, formar opiniões sobre tudo e todos.
Uma pena, Beth, que teu comentário não foi: professor, sim. Apenas por agradecimento aos teus anos de educação formal, que com certeza corroboraram para que sejas brilhante, com raras exceções.