terça-feira, 13 de abril de 2010

Do silêncio.


Às vezes fico pensando, o porquê de vermos mais televisão do que lermos. Sei que a resposta parece óbvia: por toda a multiplicidade de linguagens que há na televisão e seu dinamismo, blá blá blá. Mas não quero esta obviedade. Quero uma explicação mais poética, metafórica, mais condizente com as vozes do ser humano.
Lemos sozinhos. E qualquer tipo de isolamento e individualização, hoje, é tomado como sintoma de que algo não está bem. Vivemos no coletivo e o monólogo pode nos causar um sentimento melancólico. Pode nos causar esta solidão e este silêncio.
E temos aversão à solidão. Temos aversão ao silêncio.
E cheguei onde queria chegar. Ao silêncio.
Li uma frase do escritor Carlos Castañeda em que ele afirma que o silêncio é uma das coisas mais poderosas que existe. Achei encantadora esta frase e fiquei a refletir sobre as múltiplas faces do silêncio.
Fiquei a refletir sobre o silêncio que fala, o silêncio que transcede a palavra, o silêncio que grita, o silêncio que aquieta.
Estar em silêncio, algumas vezes, pode ser mais perturbador do que a palavra mais articulada.
O silêncio corrompe, arranha, maltrata.
O silêncio alimenta, festeja, anuncia.
O silêncio renuncia, chora, marca.
O silêncio define, exclui, sente.
As maiores verdades são ditas na quietude de um silêncio. Basta termos a sensibilidade para traduzi-las.

3 comentários:

  1. Diante de determinadas situações eu prefiro que falem comigo do que calem, as vezes o silencio machuca bem mais do q qualquer coisa.

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  2. Ain.. tá profunda hein... eu adoro o silêncio... o barulho me confunde... não só no sentido literal, pela surdez parcial,como tb pelo tumulto, pelo excesso... adoro ficar quietinha "ouvindo" o silêncio...

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  3. Oi Rita.

    O silêncio é o pior dos desprezos... e o ser humano é muito quando se fala em maltratar, não??

    Ótimos textos você tem aqui, parabéns!

    Bjão

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