domingo, 16 de outubro de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Do departamento dos pequenos prazeres

*Andar descalça;
* Caminhar na praia;
* Chuva no telhado;
* Saudadezinha pequenininha;
*Riso sem controle (quando pode e quando não pode);
* Filme e edredom;
*Amigas de infância fofocando;
*Poesia pra curar a alma;
*Música pra dar indireta - ou direta-;
*Milk shake de flocos;
*Flores do lado de dentro;
*Memória da pele;
*Abraço bem dado;
*Leitura por prazer;
*Desobedecer...


(...)

Dia do Professor!!!



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Terra à vista! Ou a prazo? (Considerações de como me tornei educadora)

Ao repensar minha História (sim, com H maiúsculo) tento encontrar algumas respostas que, talvez, me induzam à percepção de como me tornei uma educadora. Como toda “boa” História, a minha também deve ser entendida dentro de um contexto de grandes navegações: as minhas navegações.
Aventurada a descobrir o que o futuro profissional me aguardava, tinha objetivos definidos e extremamente claros de que o jornalismo seria a carreira desejada: não pensava em bancadas estáticas e formatos prontos de telejornais, pensava na correspondência internacional, navegar em terras desconhecidas era o foco certo.
Entretanto, essa tão objetivada terra que estava às minhas vistas estava também inserida em um sistema educacional que excluía alguns e elegia outros. Por não ter médias alcançadas em uma escola privada, interrompi minha navegação. Desci na terra mais próxima.
Sim, esta terra estava habitada. Não por mim... A terra já tinha seus ranços e eu ainda nem tinha os meus. Magistério foi o curso que me restou. Invasão à vista: Não, eu não invadi terras alheias, as terras alheias me escolheram. Mas, tinha a utopia de que muitos ventos iriam soprar e direcionar a minha caravela à minha Índia: o jornalismo que me aguardasse.
Mero engano. O sistema - nada democrático - educacional barrou a minha entrada em uma universidade que tinha o curso tão desejado. Eu precisava de uma moeda. O escambo não era permitido: Ora, eu poderia dar o meu empenho, a minha vontade, a minha determinação e eles me dariam o ingresso no curso. “– Não, senhora, precisamos de moedas –.” Minha terra, minha Índia, era à vista. Não a prazo.
Exclusão. Precisaria de uma universidade pública e gratuita que concordasse no escambo que eu poderia fazer. Mas, esta universidade não me proporcionava o alvará para que eu pudesse rodar o mundo em busca de informação. Esta universidade não me proporcionava a minha Índia. E um curso de Licenciatura foi uma terra avistada.
Paralelo, já havia me inserido no mercado de trabalho como professora. Sim, no sentido mais literal do termo mer-ca-do e no menos político da palavra tra- ba-lho. Era professora. Sem um ponto de exclamação no final. Onde estava a correspondente internacional? Era uma quimera. Nascia a professora municipal.
Revendo as minhas navegações, tento avaliar se me colonizei ou me colonizaram. Se invadi ou fui invadida. Tento avaliar o porquê o sistema vigente impõe tantas rotas aos navegantes. Quebra tantos lemes. Usa tantas âncoras. São muitas as indagações que ainda fazem parte das minhas navegações.
Sim, ainda navego muito Sou a capitã da minha caravela e ainda estou em busca de especiarias. Navego em mares desconhecidos, com dragões furiosos e péssimas condições de tempo e clima. Me tornei educadora por imposição, mas EDUCADORA (com todas as letras maiúsculas) por opção, determinação, coragem e ação.

sábado, 1 de outubro de 2011

Meu sol

Hoje, um dia chuvoso, foi alvo de críticas em redes sociais. Comentei que se o sol não estava lá fora, era pra que a gente o procurasse dentro das bolsas, dos bolsos, pelo corpo... E falei sério.
Deixa o sol aparecer e sorrir brilhoso. Deixa que ele faça cócegas na tua barriga. Deixa que ele te abrace aconchegante. Meu sol existe, independente, das nuvens. Meu sol existe e não é amarelo. Ele é castanho e anuncia tempestades tropicais. Meu sol tem cheiro de terra molhada e cheiro de mar quando sorri.
Procura o teu sol. Ele está aí, sim. Dentro da bolsa, do bolso. Dentro de ti. Te envolvendo.

sábado, 18 de junho de 2011

Compacto.

*Avisa ao teu corpo que ele tem com um compromisso marcado com o meu cheiro.

* Não quero me algemar em três ou quatro verdades.

* Meu baú imaginário está transbordando de inspiração... só que essa senhora prefere não ser aprisionada em palavras...

* Gosto da complexa simplicidade com que me acolhes.

*Ando por aí seduzida pela minha melhor inspiração.

* Ao piscar, meus olhos batem palmas para os teus.

* Pobre dos meus olhos que sofrem bullying toda vez que cruzam com os teus.

* Cala essa tua mudez e te envolve com a minha nudez.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Não volte pro mundo em que você não existe

" Não volte pro mundo em que você não existe, não volte mais..."
Ao dançar com as palavras de Léo Fressato fiquei um tanto pensativa quanto aos nossos mundos. Sobre os mundos em que julgamos fazer parte. Sobre os mundos que criamos. Sobre os mundos que não nos pertencem. Os mundos que só existem no imaginário inventado de nossas vontades.

Dançamos cintilantes nos jardins da primavera com a ideia de que somos flores daquele cenário quando o outono nos puxa desse mundo florido e passamos de embriagados sutis para alcoólicos desmedidos quando levitamos em outro mundo. Nadamos em mares desconhecidos sem temer o cabo das tormentas que mora ali, ao lado de quem não se chama Raimundo...Ao lado de quem não sabe flutuar nas nuvens, mas que nos revela o segredo de que elas não são de algodão.

Tentei impedir que essa música me remetesse à introspecção de Clarice e a tristeza reveladora de Caio, mas não consegui... Quero, então, dançar com eles e num longo suspiro admitir que quando os braços de dois mundos se abraçam o vôo é rasante, apenas sol com baixo em sol...


segunda-feira, 28 de março de 2011

Forever Young!

Vi a Fernanda Young na Marília Gabriela. Confesso que nunca escutei uma conversa tão inteligente e ardida. A junção das duas é algo descomunal para este mundo em que não há lugar para escolhas desobedientes. Para este mundo em que não obedecer regras é estar fadado à exclusão.
Fernanda Young comentou que terminou o segundo grau com 23 anos e já era escritora.
Tenho a explicação: Já era escritora porque sua arte efervescia para si. Era escritora porque a escrita é egoísta, arde, pula, move. Não necessita de teóricos e bibliografias, necessita da dor gritante ou de um bel prazer estonteante. Necessita de um desejo personalista que não permite amarras. Um cheiro acende e um toque é o suficiente para que as ideias borbulhem.
Escrever basta. Basta para que tiremos as roupas do sujeito agradável e possamos arrebentar as algemas da mediocridade linear a qual vivemos.
A conversa excêntrica entre as duas me fez acreditar no egoísmo. No egoísmo necessário que nos socorre da domesticação de nossas vontades e nos encoraja a deixarmos de ser tristes exemplares altruístas.
Mais uma hora de conversa entre elas e eu conseguiria resgatar a fome do meu primeiro grito... e sair da "zona franca da existência".

domingo, 20 de março de 2011

Superlativizar não é preciso

Gosto de Caio Fernando de Abreu, Lispector e Manuel Bandeira. Já tive minhas fases de Dalto Trevisan e sua escrita bizarra. Luís Fernando Veríssimo me fascina. Fernando Pessoa ainda me comove. Scliar é imortal e Saramago também. Nelson Rodrigues ocupa um lugar grande da minha mochila imaginária. Chico Buarque faz parte do meu grupo, Ruben Fonseca me convida ao seu passeio noturno, Tati Bernardi e Martha Medeiros dançam dentro de mim e Carpinejar é livro de cabeceira virtual.
Não leio o que não gosto. Não estou prestando concursos com leituras obrigatórias, então, me dou ao luxo de escolher o que leio. Leio por prazer e escrevo também. Escrevo para libertar o meu eu, minhas limitações e minhas incertezas. Não escrevo por encomenda; escrevo por mim e para mim. Estou em cada linha, em cada palavra, surjo em cada letra sem me esconder nas entrelinhas. Não tenho um eu-lírico, não me escondo em outro, sou o outro.
Não estou sendo cotada para fazer parte dos seletos livros de um concurso vestibular e nem escrevo sobre a previsão do tempo que preciso ser lida por utilidade pública, assim, me lê quem deseja, me lê quem se encontra em mim, quem faz da minha escrita algo que desacomode, algo que faça algum sentido, ou nenhum...
Não faço textos para "fora", faço textos para dentro, para dentro de mim. Aceito críticas, mas quando essas críticas tornam-se rotineiras e todos os textos possuem algum defeito de fabricação, me resta perceber que não estou errada (nem certa), simplesmente a minha escrita não pratica mais nenhuma comoção neste outro...
E, então, é hora de virar a página... fechar o livro... E parar de Superlativizar...

sábado, 19 de março de 2011

Meu nome não é Linda

E quem diria que o Selton Mello além de me juntar do chão me proporcionaria momentos de reflexão (e desespero!)... Explico:
Estávamos, eu e três colegas de trabalho, conversando sobre o filme Meu nome não é Jhonny, comentávamos cenas, imitávamos atuações, metíamos o bedelho na vida de João Estrela e eis que de repente surge a fatídica história de quando o Jhonny (heim?) me juntou estatelada do chão em uma festa da minha adolescência... E daí emergiram comentários do tipo: a gente era feliz e não sabia!
De repente, não mais que de repente, uma colega disse:
"Não é que tu não seja... mas me disseram que tu era linda..."
Muitas risadas surgiram, eu fiquei me achando, além de querer saber a fonte, afinal eu precisava saber quem disse que eu ERA linda...
O papo findou e fiquei me sentindo uma meretriz em fim de carreira, algo como a Bruna surfistinha aos 85 anos revendo as suas fotos e relebrando do seu rosto sem rugas e suas curvas intactas...
Recebi um elogio no pretérito perfeito do indicativo, nada sobrava para os dias atuais sobre a minha lindura.
Sei que cada época das nossas vidas tem suas dores e delícias, mas na adolescência as delícias são maiores, pois temos o vigor, as vontades, as ousadias mais gritantes. A beleza não está só no cabelo esvoaçante e nos olhos livres das olheiras, a beleza está na atitude, na fome do grito, na imposição do estar ali. Beleza e atitude são o par perfeito quando o assunto é impressão.
Não digo que eu não era linda (momento certeza absoluta!), mas digo que a ousadia que me acompanhava e a vontade de querer marcar um território me faziam marcante.
E pra quem está achando que vivo revendo fotografias e comentando com os amigos sobre os tempos sublimes, aviso que bato um bolão. Com toda a certeza, meu melhor momento é o agora, com minhas interessantes falhas, minhas inúmeras rachaduras, meus desalinhos e minha linda e arrogante autossuficiência!

sábado, 12 de março de 2011

A falta de argumentos sobre o escorpião

Assisti ao filme Bruna Surfistinha. Tenho que dar o braço a torcer pela interpretação de Deborah Secco, a quem não sou muito fã: brilhante. Não enxerguei em nenhum momento a Deborah Secco e, sim, a Bruna Surfistinha ali.
Não sei o que pensar sobre o filme, não consigo dizer se atendeu às expectativas ou não. Mas ele deixa evidente que não pretende julgar a vida das garotas de programas, não há cenas em que o preconceito prevaleça. O filme tenta mostrar apenas que a ascenção e a queda são dois lados da mesma moeda.
Então, após a audiência do filme, fui para a internet. Queria saber mais sobre o possível salvador de Bruna Surfistinha (Sim, há um príncipe encantado que salva a garota dos programas e ele não vem num cavalo branco, vem num Honda Civic) e me deparei com a história completa da esposa humilhada e comecei a sentir pena da coitada e raiva da tal da Bruna. O que é muito justo.
Só que em meio ao "doce veneno do escorpião" e "o que veio depois do escorpião", fiquei decepcionada com os argumentos da ex-esposa. Em uma entrevista à Revista Quem ela acusa Bruna de gorda, feia, mal arrumada e dá conselhos de moda à ela. Diz que não entende o porquê do marido se apaixonar por ela, pois afinal ele prefere as morenas e nunca se interessou por loiras e afirma que o ex não era tarado para procurar prostitutas.
Sabem o que Bruna disse? NADA. A maior resposta está do lado dela agora.
Não estou querendo fazer alusão ao que é certo ou errado, nem defender a "Bruna destruidora de lares" o que quero deixar é uma pergunta que revela a minha desnecessária opinião sobre tudo isso:
Entenderam o porquê da troca?

Lamentável

Lamentável!
Palavra de uma assonância incrível.
Lamentável!
Utilizei esta palavra em um determinado contexto e fiquei encantada com o espaço que ela ocupou ali.
Quando citada com a separação silábica correta, ela encanta ainda mais.
La-men-tá-vel!
E se for cada sílaba seguida de reticências, então, fica perfeito o resultado:
La...men...tá...vel...
Fica algo mais superior ainda, mais cheio de razão.
É lamentável mesmo. Lamento muito que a nossa sociedade esteja se tornando linear. Todos são anti-capitalistas, todos odeiam Big Brother, todos idealizam Che Guevara, não assistem a produções cinematográficas estadunidenses e todos cometem os mesmos erros. Erros banais, erros boçais, erros tão iguais.
A busca pelas ideias originais e únicas acaba recaindo sobre as teorias velhas cuja prática não anda de mãos dadas com as ideias "tão modernas". Pisotear a bandeira dos EUA com um par de All Star e uma lata de Coca-Cola na mão virou rotina. Mas das bocas saem discursos encantadores de lacrimejar Mandela. Sempre com o mesmo objetivo: ser diferente.
O diferente, lamentavelmente, está se tornando igual. Senso comum. Figurinha repetida. Está a cada esquina.
Confuso este post? Não, não era pra ser.
O que pretendo aqui é mostrar a minha indignação sobre o quanto a unanimidade é burra. O quanto ser diferente é careta quando se segue a massa, sem pensar em ações concretas.
"Você, que tem ideias tão modernas, é o mesmo homem que vivia nas cavernas."
LA- MEN-TÁ- VEL!

quarta-feira, 9 de março de 2011

"Personal Friend"

De uns tempos para cá houve a profissionalização da amizade.
Pagamos por sensatez. Pagamos por conselhos justos, felizes, perfeitos e dotados de sabedorias freudianas.
Nada de gorduras trans e teor alcoólico. Tudo é presumido.O convênio cobre tudo.
Contamos nossas neuras, nossos limites e queremos possibilidades de estranhos. Ok, nada mais coerente do que alguém neutro se meter em nossas vidas para nos dar uma luz? Não é mesmo? Não, claro que não.
Quero alguém que me conheça e que saiba que tudo o que me disser vai ser usado contra si no tribunal. Não quero minhas idiossincrasias escritas numa ficha de um desconhecido para que depois ele me transforme num diploma na parede. Eu não quero conselho. Eu quero palpite!
Quero o palpite mais errante que possa vir dos meus amigos.
Quero ameaça.
Quero um "eu te avisei".
Quero um "viu?".
Quero diálogo.
Quero que me chamem de louca.
Quero fugir quando o palpite for furado.
Quero mais de 45 minutos.
Quero amigos se metendo na minha vida de graça, sem almejarem títulos.
Quero palavras de um futuro bom... ou mau, como antigamente.
Mas quero. Quero que sejam de quem faça parte do meu mundo, meu vasto mundo.
E não de quem apenas se chama Raimundo...

O desprezo

Li um texto do Carpinejar que falava sobre desprezo.
Fiz amor com o texto de uma maneira delicada e simples. As palavras entravam e os olhos refletiam "é isso mesmo". Quisera ter alguém do meu lado pra que eu pudesse torná-lo mais real na medida em que eu transformasse em palavras audíveis o que os meus olhos diziam.
Tenho algumas considerações sobre o tal desprezo. Compactuei com Carpinejar algumas posições do nosso fazer amor...
Literalmente, o desprezo, segundo os dicionários, significa desprendimento, desdém, sentimento acima da cobiça. Definições limitadas para quem sente o desprezo.
O desprezo começa por querer. Compramos o desprezo no Supermercado Seja Feliz mais próximo de nossos lares. O desprezo é o mais cotado dos conselhos entre as pessoas que tiveram alguma dor, alguma desilusão, algum vazio.
E o desprezo é isso: vazio. Começa com um querer ser vazio, começa com o objetivo do vácuo e depois permanece ali, mesmo sem intenção,inerte, mas ali. O desprezo que antes era um conselho, agora é inevitável.
Ele se instalou ali. Não paga mais aluguel, não pede mais nada em troca, mas também não parte para outro lugar de repouso.
O desprezo repousa ali intacto, permanente, anti-social. Sem merecer uma despedida, sem merecer palavras dolorosas, sem merecer as fomes dos gritos e as intensidades dos beijos... Simplesmente ele não merece.
O desprezo é o fim. O fim do que um dia foi. É o gemido da morte do que um dia causou furor, emoção, dor. É isso: o desprezo é ausência de e do ser.
Lamentável sentimento necessário.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ou doida ou santa?

Para Adélia Prado só havia dois caminhos: ou virava doida ou santa. Não tenho a maestria e a perspicácia da autora, mas me sinto um tanto promíscua não conseguindo me definir entre doida ou santa. Há muitas habitando os meus singelos um metro e sessenta.
Divas se encontram com hippyes. Trabalhadoras braçais brigam com intelectuais de terninho preto e scarpin. Guriazinhas de minissaia insistem em atormentar as maduras e centradas balzaquianas. Crentes criticam a Senhora Monroe de vestido esvoaçante. As feias reclamam das suas desvantagens em relação às beldades. Histéricas querem seu espaço, mas as parasitas dão o seu jeitinho. Sérias cedem lugar às debochadas e recalcadas insistem em sobrevoar a área. Feministas arquitetam planos mirabolantes contra as tchutchucas de plantão e as competentes profissionais letradas armam barracos contra as irresponsáveis dorminhocas. Arrogantes ameaçam as simpáticas e aureolas são arremessadas nos tridentes.
Não consigo me delimitar entre doida ou santa enquanto há uma mulherada absurdamente diferente habitando as minhas concepções. Uma mulherada que clama por mim e eu, particularmente, as desejo profundamente. Com toda a sensatez e a insensatez que cada uma traz.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O verbo "Carpinejar"


E a professora ensina aos seu alunos:

- Verbo é o nome dado à classe gramatical que designa uma ocorrência ou situação. Os verbos no infinitivo terminam em ar, er, ir...

E exemplos são dados: amar, correr, fugir...

E então a aluna se depara com Carpinejar. E tenta entender que verbo é este. Tenta conjugar. E a professora fala:

- Carpinejar é um substantivo próprio, não pode ser conjugado.Escolhe outro.

Mas a conjugação é feita mesmo assim. E a aluna, munida de ânsias no desafio, tenta extrapolar as regras da Língua Portuguesa e conjuga sentimentalmente o substantivo próprio Carpinejar:

Eu carpinejo sempre que a ousadia e a melancolia moradoras do meu íntimo brigam por quererem me aprisonar.

Carpinejei quando fui tomada por uma ilimitação do ser e sorri pelas graças e desgraças existentes.

Carpinejarei quando eu extrapolar as essências mais loucas habitantes do meu eu.

Carpinejando eu vou, vou encontrando comigo em mim, contigo em ti e , assim, desencaixandos os encaixes.

Carpinejamos. Carpinejaremos. Sempre. Sempre que as amarras se desfizerem e nossas ausências forem alimentadas pelos desejos dos acasos.


-Realmente, caros alunos. Carpinejar é um verbo. Um verbo intransitivo.

Aquele que dispensa qualquer complemento.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Gaúcho???

Sou do tempo em que futebol não era mercantilizado. Não, não é ingenuidade. Eu sei que a mercantilização futebolística sempre existiu, mas não dessa maneira tão potencializada e descarada.
Nesse tempo tão-tão distante, futebol era jogado na rua, com as Havaianas servindo de goleira e todos unidos em prol de um objetivo: o gol. Seja ele em qualquer lado.
Era bonito de se ver. Onde a bola estava, estavam atrás os 22 jogadores (ou quantos o espaço permitisse), sem posições, apenas limitados pelo próximo muro ou cerca... Os sem-camisa contra os de camisa. Guri contra guria. Futebol era festa.Os craques nasciam assim, no meio do campinho de areia e não eram programados desde os primeiros passinhos a idolatrarem o futebol europeu e a se especializarem em dribles e passes nas escolinhas de formação de futuros Messis.
Fiquei reflexiva quanto a este assunto, devido à novela Ronaldinho- Assis-Grêmio-Milan-Flamengo que protagonizou cenas picantes (e impróprias para apaixonados e bairristas) da super indústria do futebol. Não existe mais raça. Cada suor na camisa vale milhões. Cada gol é um dígito a mais à direita.
Não entendo nada de futebol e se o David Coimbra, o Falcão ou o Paulo Santanna lerem isso, têm a minha permissão para debocharem muito com requintes de autoridade. Mas, me submeto a esta escrita sem teóricos e nem teorias porque ainda defendo o futebol com paixão, com raça, com tesão.
E para isso, Paulo Odone, temos que trazer Gaúchos pro Grêmio.Gaúchos da Bahia. Gaúchos de Mato Grosso. Gaúchos de Coimbra. Gaúchos da África. Gaúchos de qualquer canto do mundo.Gaúchos com G maiúsculo e não apenas aqueles que incorporaram este adjetivo pátrio ao nome para se servirem de todas as façanhas que nós trazemos de modelo à toda terra.
Porque ser gaúcho não é naturalidade. Ser gaúcho é opção.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Prefiro o cheiro forte...

Não, ninguém morreu. Não tenho seis meses de vida. Nem esta é uma carta de despedida. Mas resolvi escrever sobre a morte. O porquê eu não sei, mas a vontade de mandar a morte pra bem longe bateu e eu resolvi reverter na escrita.
A morte é totalmente patética, ridícula, insensata.
As gavetas estão todas lá, com as calcinhas desarrumadas e as meias com um pé só, esperando uma arrumação. A conta já venceu e espera ser paga. O convite da festa do final de semana foi comprado. O churrasco de domingo foi programado. Ainda faltam 20 prestações do carro a serem pagas. A reunião foi marcada para a próxima quarta-feira. E a previsão do tempo para o final de semana é sol e 35 graus.
E a morte chega. Sem aviso. Invasiva. Desumana. Rompendo com a programação, desalinhando os objetivos, desargonizando as ideias.
É uma pegadinha do Gugu? Quem teve essa ideia?
A roupa ficou na corda e a ração pro cachorro nem foi comprada. Ainda tem anticoncepcional pra três meses e as sessões de bronzeamento estão na metade.A sandália seria estreada na sexta, a manicure é no sábado às três e meia e a dissertação está quase pronta. E acaba tudo.
É tão incoerente, a passagem é só de ida, mas nada é meticulosamente programado.Não se avisam as pessoas que a roupa precisa ser recolhida...
Sei que a morte é a coisa mais certa que existe e que a imortalidade desfaz a ordem natural da vida, mas morrer chega ser uma piada, só que sem graça nenhuma, sem plateia pra rir, sem pedido de bis.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O astral, a Bel e o Carpinejar!

Se existe uma coisa em que eu acredito é no astral. No astral mesmo, no sentido mais abstrato possível. Naquela coisa que paira em todo lugar.
Tenho antipatia astral por algumas pessoas. A pessoa, coitada, apenas nasceu pra que passe a abominá-la. Não, a culpa não é da minha inscontância e insensatez, é do astral.
Mas também além de simpatia astral, tenho paixão astral. Quer um exemplo??? A Bel, minha amiga! Por mais que ela diga que também me achasse meio assim como metade do planeta (antipatia astral, viram???) eu sempre fui apaixonada por ela. Não, nada de sequisso. Nossa paixão (porque agora ela me corresponde!!!) é no plano astral, é algo que transcende a concretude. Não, não estou na famosa pedra.
Vou provar: Hoje eu estava lendo Carpinejar. Fabrício Carpinejar. Um escritor gaúcho que tem uma sensibilidade incrível aliada a uma ironia esplendida transformadas em palavras. Bom, peguei uma frase em especial, imprimi e coloquei no meu mural. Ao entrar no orkut, a Bel estava com a mesma frase em seu perfil. Chamei a Bel, via fofocar instântaneo, de canto e reafirmamos o nosso encantamento intelectual-astral.
Carpinejando, então," Liberdade na vida é ter um amor pra se prender" e um umbigo pra meter o dedo*, não é Bel???


P.S: Esse dedo não meu, né Ric?!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Meio assim???

Em uma revelação de amigo secreto, dentre outras coisas, fui definida como:
- Quando eu a conheci, achei que ela era meio assim...
Se eu caí dura???? Quase! Se não fosse a minha educação britânica eu faria um bafão mermão!
Meio assim???? Nem há concretude nesta definição. Então fui às vias de fato e perguntei:
- Como meio assim???
E a resposta foi:
- Assim meio metida, meio superior.
Bom, pausa para um surto.
E a plateia que assistia a tudo continuou:
- Pois é, eu também achava no início.
- Foi só no inicinho...
- Tu não foi receptiva a mim também...
Quem me conhece imagina a caradicu que eu fiquei.
E eu estava quase sendo apedrejada verbalmente. E o pior de tudo: Todaaaaas tinham a mesma impressão a respeito da minha loira e linda pessoa.
Depois de ficar enlouquecida tentando arranjar um advogado de defesa que me absolvesse daquelas calúnias, fiquei pensativa... Eu não sou meio assim... Quer ver?
Sou previsível, estou dentro das estatísticas. Não sou dotada de massa cinzenta a mais e minha altura é a média entre as mulheres. Calço 35, pé dentro da normalidade e meu peso não falo nem por decreto da Dilma (outra super normalidade!). Brinquei de Barbie e sonhava com os New Kids On The Block... Uso gloss, sou loira, mas apimento mais o meu DNA. Sou branca e sonho com um dourado da cor do pecado. Tenho mais bunda do que peito, como toda brasileira, dentes em busca de alinhamento e olheiras de Panda. Uso óculos. Perco celulares. Sou quase sensata. Um pouco perdida. Sorrio fácil, mas pra quem merece. Choro fácil, pra quem merece também. Tenho sonhos e devaneios. Tenho febre e tomo Tylenol. Tenho cólica e tomo Ponstan. Tenho crises e não tomo Fluoxetina. Uso saruel, mochila e quero um Ipad. Uma Eco Sport preta me satisfaz, mas um MotoBoy resolve os meus problemas. Quero um analista, mas ele não tem IPE. Quero entrar em uma Levis 514 guardada desde o século passado, mas falta jeans. Sou fiel a perfumes.Bolsas me seduzem e filmes me encantam.

Não vou iniciar uma conversa com um desconhecido dizendo:"- Muito Prazer eu sou legal!", mas também não quero ser esta personagem que insiste em me rodear.
E se um dia você também me achar meio assim, me traz um quindim que deixarei de ser esta persona non grata fugida do paraíso.