segunda-feira, 27 de abril de 2009

35 e não se fala mais nisso!


Sclyar, em sua crônica dominical da ZH de 26 de abril, escreveu sobre sapatos, aliás, o caderno Donna foi todo dedicado a eles, e ele explicou, baseados em argumentos da psicologia que a concavidade do sapato lembra a curvatura da vagina e o salto remete ao símbolo fálico, talvez, por isso, que se explique tamanho fascínio. Achei o máximo!

Pois bem, eu explico com argumentos baseados em minha vivência, experiência e, para rimar, saliência essa loucura a la Becky Boom: o sapato não nos deixa, nós deixamos o sapato. Ele não deixa de nos servir. Nosso pé não passa de 35 para 36 e logo depois para 37 com algumas crises existenciais, como acontece com nossas calças jeans que "inseperadamente" despedem-se de uma estação para outra. Estas sim, nos deixam, nos abandonam...Bobinhas!

O sapato não nos é cruel. Não nos faz perceber nossas medidas fora dos padrões. Não põe em questão nosso excesso ou falta de formas. Não nos lembra a todo instante que não somos a Jenifer Anniston.Ele está em nossos pés e nós temos o controle, sabemos o terreno que estamos pisando...Olhamos para ele a hora desejada, não precisamos de espelhos para ver se está tudo ok .Comandamos.Nos conquistaram, então.

Tudo isso sem contar as mil faces que podemos adquirir com cada modelo: um tênis nos traz anos a menos em apenas algumas pisadas, uma sapatilha nos dá autenticidade, um scarpin é o símbolo do poder, uma bota de cano alto a metáfora da sensualidade, um okein a adolescência de volta... E ainda nem comentamos acerca da superioridade que um Luis XV nos traz.

O sapato nos permite ter o estilo desejado, literalmente, aos nossos pés. Só nos cabe, então, escolhermos a ocasião e pegarmos nossa bela, poderosa e maravilhosa bolsa para uma fusão perfeita!!! Mas isso já é uma outra história...


domingo, 19 de abril de 2009

Caixa de risadas


Minha vó tinha uma caixa cheinha de fotografias, a caixa de risadas. Nossa!!! Nos juntávamos ao redor da caixa e nossos maxilares saiam doloridos! Era o cabelo de um, o modelito de outra... tudo era motivo para gargalhadas homéricas e contagiantes. Quando o sujeito se encontrava ali no meio de nós e era avistado em alguma foto da caixa da risada a emoção era maior! E quando não se encontrava era melhor ainda já que poderíamos acabar com a reputação do coitado em segundos!

Bom, mas o que me trouxe aqui talvez seja o saudosismo. Não existem mais caixas de risadas que unem as famílias e as netaradas para grandes tardes risonhas... As caixas de risadas agora são digitalizadas. As caixas de risadas foram substituídas por pastas nomeadas por datas e eventos.

Em um clique, estamos na viagem de Gramado de dois mil e cinco de Bete e Lulu e lá... Surpresa! Encontram-se apenas as fotos da viagem de Gramado de Bete e Lulu no ano de dois mil e cinco! Nada além. Não vai haver ali a lembrancinha de dois aninhos do sobrinho da vizinha da tia da cabeleireira em mil novecentos e oitenta e quatro....

Não vamos mais sentar em roda ou uns atirados por cima dos outros pelo sofá e chão... Estamos todos ao redor do computador. Um sentado na cadeira e os outros em pé, corcundas na volta. A foto não é passada de mão em mão como um circuito. A foto está na pasta. E a pasta é apenas da viagem de Gramado de Bete e Lulu no ano de dois mil e cinco...

Não vamos mais sair correndo com a foto da nossa prima de saia-calça, antes da progressiva com o cabelo de dar inveja ao Xororó para mostrar para o novo namorado dela que o tempo foi bem parceiro com ela. A foto está na pasta e a pasta é previsível, pois contém exatamente o que queremos mostrar naquele momento.Se não quisermos mostrar, não há perigo para deboches e risadas, pois a foto já foi há tempos para a lixeira, em apenas um clique, zupt, a foto partiu pra outra dimensão!

Não faço alusão aos tempos antigos e nem tenho saudades da "era pré-celular", mas nem todas as vantagens que a tecnologia nos traz substituem a alegria e o entusiasmo que me proporcionavam encontrar a foto da minha tia-avó seguida de um "adeus à infância e um sorriso à mocidade" na caixa de risadas... Ah, como era bom!!!

terça-feira, 14 de abril de 2009

O que me faz bem...


É incrível a gama de recomendações que existem ao nosso redor. Se é livre de gordura trans, meu Deus, já estamos levando. É light? Bota no carrinho. Previne o envelhecimento precoce? Tô dentro.Contra UVA e UVB? Já tá no rosto. É tanta receitinha que ficamos até com medo de tomar apenas um gole de água, tem que ser pelo menos dois litros por dia!

A laranja é comida pois é rica em vitamina C, a cenoura nos deixa deusas de ébano. O mamão é o amigo da nossa flora intestinal e o brócolis, misericórdia, este é um papa dos benefícios.

Seguimos todas as recomendações que nos são passadas de geração em geração ou até mesmo de boca em boca nas esquinas. Seguimos a risca a receitinha das coisas que, dizem, nos fazem bem... e assim seguimos sem percebermos o que nos faz bem.

Eu sei o que me faz bem:

Andar descalça me faz bem; Gargalhar, então, melhor ainda!Beijar, me faz tão bem... Escrever me alivia; a internet me fascina; tomar Coca-cola me dá muito prazer...Um quindim me traz benefícios mil. Estar com um scarpin ameixa? Me deixa poderosíssima! Ver um filme me faz bem mais "bem" do que tomar um gole de vinho tinto que "faz bem para o coração".

Perguntar me faz bem e responder me deixa feliz! Cantar uma música bem alta é melhor do que prevenir o colesterol com a Becel. Rir de doer a barriga, nossa... isso é melhor do que um arroz integral! Pôr meu nome no Google e me encontrar em algumas produções é de explodir o ego, melhor do que usar filtro solar!!! Dormir bem enrolada num edredon equivale a rodelas de pepino para previnir olheiras...Dizer um palavrão bem horroroso na hora da raiva é melhor que carne branca! Barulho da chuva na janela e cheiro de terra molhada é melhor do abacaxi com mel para o pulmão!

Às vezes, damos ouvidos ao que faz bem para todo mundo e esquecemos o que nos faz bem individualmente. O global nem sempre é o local.

E o que me faz tão bem só eu sei!

E isso aqui me faz tão bem...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

COLD CASE


Sou fã das séries policiais em que uma vírgula mal empregada pode ser usada contra você no tribunal.Aqueles detevives inteligentes e austuciosos que com um simples olhar atento aos trejeitos e jogos corporais detectam a verdade, transformam o suspeito em réu. Amo toda aquele esquema inteligentíssimo de rastreamento... Uau!!! Isso me fascina.Mas, nada me fascinou mais do que a inteligência e esperteza da minha grande amiga Bel. A Bel deixou a detetive loira do Cold Case no jardim de infância. Volta pro prezinho Lilly Rush!

A Bel foi vítima da patologia humana.Bicho Papão? Cuca? Velho do Saco? Nada disso nos demanda tanto medo quanto uma mulher mal amada, mal resoLvida profissionalmente, mal casada, e tantos outros "mals" que encontramos em mulheres por aí. A Bel foi vítima da insegurança, da incerteza e da dúvida de outra pessoa. A Bel foi vítima da infelicidade e da frustração alheia. A Bel foi vítima da insatisfação pessoal, da falta de auto-estima, da inveja e da falta de caráter de outro alguém...

Mas como eu disse no início, a Lilly Rush foi desbancada. E a Bel percebeu nas entrelinhas do horizonte desta highway que estava lidando com um caso de doença mental, da doença do amor "monólogo", do amor sozinho, do amor carente... E a Bel desmascarou o suspeito, mas não o condenou, pois ele já estava condenado pela sua própria falta de respeito e credibilidade por si mesmo.

O próximo passo é o tratamento do "Cold Case ¹".
E a Bel? A Bel está desfrutando do seu "bel prazer"!


¹ Cold Case, série americana que desvenda "casos antigos"....


quarta-feira, 8 de abril de 2009

E o Acordo Ortográfico entra em cena...


Era uma vez um sujeito simples que, ao dizer sim a uma proparoxítona, transformou-se em um sujeito composto. Hum... eram predicados pra lá, adjetivos pra cá, cacofonias a mil! Quando de repente ( sempre tem um de repente!), uma oração sem sujeito apareceu.

O sujeito simples encantou-se com os predicados nominais dela e esqueceu-se que era um sujeito composto... A oração sem sujeito passou à oração coordenada. E o sujeito composto agora era um sujeito composto demais!

Mas, como neste mundo há muitas vírgulas e reticências que contextualizam tudo, a proparoxítona ficou sabendo de tudo e o sujeito composto "até demais" tornou-se, novamente, um sujeito simples só que agora por receber um sonoro não de sua proparoxítana.

O sujeito simples e a oração coordenada até tentaram encontros vocálicos, encontros consonantais, mas o máximo que conseguiram foi uma regência mal empregada. O sujeito simples pensava muito na época em que era um sujeito composto cheio de metáforas, metonímias e sinestesias com a sua proparoxítona e, assim, ele mandou a oração coordenada ser uma oração sem sujeito novamente.

O sujeito simples, em meio as suas sintaxes mal resolvidas tentou novamente ser um sujeito composto.... Mas como ele havia sido um sujeito composto no superlativo não obteve resultados positivos, já que havia entrado na história o acordo ortográfico que mexeu muito com o radical da proparoxítona.

E só restou ao sujeito simples conjugar seu verbo no pretérito imperfeito pra sempre.

terça-feira, 7 de abril de 2009


"...Viva as válvulas de escape que, lamentavelmente, não gozam de boa reputacão.Não sei quem inventou que é preciso ser a gente mesmo o tempo todo, que não se pode diversificar..."

Martha Medeiros

sexta-feira, 3 de abril de 2009

μίμησις de μιμεîσθαι


Mimesis (Mimesis (μίμησις de μιμεîσθαι), ou mimese, simplificando, significa imitação ou representação em grego).

Palavrinha bonitinha que até nos remete ao mimoso para dizer que alguém que tem o hábito da imitar os outros.


E por falar nisso:


i.mi.tar. transitivo direto


Então tá, sabe aquela sensação de quando você boceja e aquele ato é propagado e quem está à volta boceja também? É esta que me impulsionou a estar aqui escrevendo.

Ponto final.





quarta-feira, 1 de abril de 2009

AI QUE SAUDADES DA AMÉLIA


Pesquisa, aula, trabalho, artigo, lattes...luzes, chapinha, depilação, pinça, xampu, condicionador, creme, anti-frizz, silicone, protetor solar, bronzeador... Aula, alunos, planos, objetivos, gritos, reuniões, projetos, lattes... Cama, louça, roupa, ferro, máquina, comida, fogão, vassoura, aspirador de pó, desinfetante... Salto alto, bico fino, reunião, curso, curso, curso, palestra, palestra, palestra... Pós, pós, pós... Escova, batom, lápis de olho, anéis, argolas.....


Amélia que era mulher de verdade. Amélia não tinha nenhuma vaidade.