sábado, 20 de fevereiro de 2010

Me demito!

Tô chegando à conclusão de que o famoso ditado o trabalho enobrece o homem, não faz tanto sentido assim.
Relendo meus textos anteriores, os do início de 2009, percebi o quanto eu escorregava pelo teclado com uma densidade e (des) estabilidade (in) segura incrível.
Cheguei a pensar: Fui eu?
E então percebo que de uns tempos pra cá em que um cargo profissional tomou conta de mim, meus escritos não deslizam. Fugi pro humor rápido e fácil a la Didi Mocó.
Não abandonei minha maneira de escrever, meu modo de ver o cotidiano, apenas repasso para o papel de uma forma mais leve, descontraída e até sem conteúdo, digamos assim.
O trabalho tomou conta de mim.
Minha coletânea de crônicas de Cony, meus contos de Nelson Rodrigues e de Allan Poe estão quietos, não me provocam mais, não me vêm mais, não me abusam mais.
A premissa parodiada: "leio logo existo" é verdadeira, embora a verdade seja um conceito discutível. Mas é verdadeira. Não leio, não existo, não me inquieto, não produzo. Leituras medianas, rápidas e de baixas calorias rendem escritas medíocres e sem gorduras trans.
O porquê de tudo isso? Por que eu li isso aí embaixo e senti falta de mim:

"Que o sapato seja provisório e nossos pés descalços permanentes...E que a festa seja longa e as músicas envolventes o suficientes para dançarmos até o fim... Até o sol raiar."

"...Para além das minhas imperfeições, sou narcisista.Uma narcisista autocontemplativa."

"Certeza é quando se chega ao fim da busca."

"Quem vê meus cabelos lisos e loiros tendenciosos à moda, não imagina que eles escondam um turbilhão de desconexões altamente tóxicas prestes a explodirem."

"Eu vivo porque eu rio do improvável, acho graça do ridículo. Eu vivo porque me permito ser eu mesma até debaixo d'água."

"Sou destrambelhada porque que me habito nas minhas concepções. Nas minhas vontades e nas minhas ânsias. Uma Destrambelhada com D maiúsculo e com muito orgulho!"

"O tempo pode ser cruel ao ponto de distanciar a presença, mas é sensato o suficiente para fazer dessas presenças mais do que concretas, fazê-las eternas. "

"Neruda definiu saudade,Quintana e Lispector também, mas Nando Reis dispensou definições. Nando Reis sentiu a saudade e nos cantou. "

"Não sou a protagonista da Cartilha do Amor Eterno, Sublime e Sensato, mas que me permito viver no meu próprio sucesso amoroso, isso eu me permito bem permitido, com todas as permissões plausíveis e inventadas possíveis e impossíveis. "

"Já perdi a viagem pela minha astúcia e já viajei pela minha inconstância."

"O tempo nos ajusta às ilusões e modifica o tamanho de tudo.Com o tempo, o real tamanho das coisas se mostra. Com o tempo o que não era tão notável, agora é bem notável.E o que era bem notável, agora nem é tão notável assim."

" O eu te amo só tem fundamento se vier com barulho,com movimento, com oscilação... ele não é um lugar de repouso."

"Somos feitos de contradições. São os nossos desejos permeados por alguns valores que estão brigando. É a nossa intenção, munida de nossas máscaras, que está prestes a gritar. É o elo entre o sim e o não que está pedindo para ser aceito."


Não sei se o trabalho enobrece o homem, mas a mulher, ele não enobrece não.

2 comentários:

  1. Ai...li e bateu uma saudade...adorei a coletanea dos melhores momentos, ops, das melhores frases...eu sou contra o trabalho da mulher sabes disso...e viva os tempos que tinhas "tempo" pra por no papel o que nos inquietava no msn...Adóóórooo!!!!

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  2. AMO "APAIXONADAMENTE" ESSE TEU MODO DE ESCREVER, DE COLOCAR NO PAPEL EXATAMENTE O QUE PENSAMOS,PORQUE SOMENTE TU CONSEGUES "DAR VIDA" AOS PENSAMENTOS E NOS INQUIETAR E FAZER REFLETIR...
    QUE ORGULHO SINTO DE TI!!!!!!!!!!
    TE AMO FILHA!!!

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