domingo, 21 de junho de 2009

Das minhas explicações...

Fui apresentada à Adriana Falcão, dialogamos um pouco e deste diálogo me fervilhou algumas definições para algumas palavras, expressões... Bom, deixem eu contextualizar. Adriana Falcão é uma roteirista e escritora brasileira e nosso diálogo nasceu por meio de minha leitura de seu livro "Mania de Explicação". Não, não foi um monólogo, não... a autora fala com a gente no momento exato da leitura. Até responder algumas inquietações ela nos responde. Fantástico! Deixem eu contextualizar de novo: O Mania de Explicação é um livro de uma menina que gostava de inventar explicação para cada coisa. Suas definições, sempre simples e tocantes. Simplesmente amei.
Com toda a licença, serei esta menina agora, com as minhas definições:
Matar a saudade é quando a lembrança não cabe mais na cabeça e foge buscando de novo;
Beijo é quando a boca entra em cena para denunciar o coração;
Indecisão é quando você quer as duas ( ou as três, ou as quatro...) coisas e não pode querer;
Tristeza é quando o sorriso se fecha para balanço;
Alegria é uma festa dentro da nossa cabeça que se reflete nos olhos, na boca, na alma;
Desespero é quando nada se fecha para balanço e fica piscando dentro da nossa cabeça, na hora de dormir;
Intuição é quando a gente foge para um tempo adiante e volta para contar antes que aconteça;
Culpa é quando o que poderia ser feito de outra maneira não foi feito e você sabe disso;
Volta é a ida que não foi bem-vinda;
Amor é uma pessoa colada no seu coração sem pedir licença;
Tesão é uma pessoa colada em seu corpo também sem pedir licença;
Licença é a liberação que deveria se pedir para entrar, sair e ficar na vida, no corpo, na mente e na alma das pessoas;
Certeza é quando se chega ao fim da busca;
Busca é que nunca deveria chegar ao fim e virar certeza;
Vergonha é querer sumir e o vermelho te denunciar;
Solidão é ninguém adiantar para nada dentro do mundo;
Ansiedade é quando os acontecimentos estão sempre atrasados dentro de nós;
Pouco é bem menos do que era pra ser;
Fim é um não para o que poderia vir depois.
FIM!

sábado, 20 de junho de 2009

Ph Neutro????

Sabe o que me indigna mais do que me chamarem de feia??? O que eu intolero mais do que me chamarem de burra??? O que abomino mais do que aquelas gordurinhas inoportunas??? Que me definam como Ph neutro. Isso mesmo, ph neutro. Nem maior do que sete, nem menor do que sete, apenas sete. Nem ácida, nem alcalina.
Arranjou uma inimiga se me nomeou como uma pessoa, assim, pois é.... a Rita??? É... a Rita.... E estas reticências não serem preenchidas por falta de adjetivos. Inimiga mortal, só fale comigo após uma boa análise em minhas atitudes.
Desaforo! A gente passa a vida complicando, tendo crises, gargalhando, opinando, tendo ciúmes, quebrando os pratos, persistindo e sermos fadadas à neutralidade??? Não é justo a gente ser tão instável e nunca usar tons pastéis... Não é justo as nossas histerias metodicamente bem pensadas. Não é justo perdermos o sono de tão austuciosas serem as nossas ideias. Não é justo nossas fugas, nossas voltas, nossas volúpias e cobiças se somarmos sete.
Sete, número sem graça. Minhas sinapses são acionadas mediante sensações e pretensões fortes, fugazes, absolutas e exageradas, então não quero fazer das minhas atitudes dramáticas apenas decisões sensatas e coerentes. Quem vê meus cabelos lisos e loiros tendenciosos à moda, não imagina que eles escondam um turbilhão de desconexões altamente tóxicas prestes a explodirem.
Ph neutro? Só em sanidades insossas. A minha INsanidade é bem salgada.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Da vida vivida...


Fico pensando o que significa viver... O que fazemos das nossas vidas??? Em uma conversa com uma grande amiga percebi que vivo. Vivo sim, intensamente. Vivo todos os dias da minha vida, muito bem, obrigada.
Não tenho livros publicados, não falo outra língua, não acho catalão a língua mais interessante do mundo... Já até plantei uma árvore, mas não sei onde ela está... Não acho que o auge de uma carreira seja o um doutorado sanduíche na Alemanha. Leio,sim, mas o que me interessa. Não leio para mostrar que leio, leio por prazer o que eu quero ler. Não escuto música pra mostrar que tenho gosto refinado, escuto música pra cantar bem alto, bem mais alto que a música. Escuto música pra sentir a letra e roubar um pedacinho pra mim.
Eu vivo porque eu como bergamota no sol... porque eu tomo leite e fico com bigode.Eu vivo porque um pacote de Ruffles vale mais do que um canapé passando numa bandeja de garçom. Porque Coca-Cola me enlouquece mais do que taças de uma Freixenet.
Eu vivo porque eu rio do improvável, acho graça do ridículo. Eu vivo porque me permito ser eu mesma até debaixo d'água. Eu vivo porque aceito minhas lágrimas no momento exato em que querem pular dos meus olhos. Eu vivo porque sei bater com a cabeça na parede e fingir que não sou inteligente...
Eu vivo, sim, vivo muito. Sem outros idiomas, sem guardanapos nas pernas. Vivo assim mesmo, do meio jeito. Vivo rindo e não acho que minha gargalhada tenha que ser tapada com a mão.
Eu vivo, assim, pois o maior risco de uma vida é achar que fazemos de tudo quando, na verdade, não fazemos nada com medo de quebrarmos o protocolo. Eu quebro o meu protocolo e o seu também.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Destrambelhada

Adorei o adjetivo. Foi uma grande homenagem (mesmo!) que recebi. Algo que excedeu o comunzinho "louca". Pois bem, logo após esta homenagem, fiquei pensando no meu jeito destrambelhado de ser e cheguei a conclusão de que sou, sim, a personificação do destrambelho - se é que existe esta personificação e este substantivo!
Sou destrambelhada porque as palavras saem da minha boca como se deixássemos uma torneira aberta. É mais forte do que eu. Falo sem pensar, falo pensando, falo até sem falar.
Sou destrambelhada ao passo que coloco pimentão no arroz de leite e faço lasanha com plástico. Tudo por engano, sim. O mais ledo engano. Nada que altere a minha alegria em tentar ser uma " boa dona de casa".
Sou destrambelhada porque não engano ninguém sobre o que sinto. Nem se eu quisesse. Minha testa, meus olhos, minha boca, o vermelho das minha bochechas denunciam meu estado. Choro e rio, sim, sem nenhum pudor.
Sou destrambelhada porque minha tentativa de sensualidade é fatalmente destruída por minha espontaneidade que derruba e dessarruma tudo e todos. Caio de Havaianas. Caio de bicicleta. Caio sentada. E caí na frente do Selton Mello, que, por gentileza, me ajudou a sair do chão!
Sou destrambelhada porque a impulsividade não é o meu limite. É hora, então é hora. Não é hora, então é a hora também!
Sou destrambelhada pois não preciso que as coisas façam sentido. Apenas preciso que existam as coisas. O sentido??? Eu dou um jeito.
Sou destrambelhada porque não me identifico com o mais ou menos. Não gosto de meios termos.Ou se tem chuva, ou se tem sol. Ou é açúcar, ou é sal.
Sou destrambelhada porque me permito andar de balanço e conversar sobre poetas concretistas ao mesmo tempo! Me permito não querer saber o que é o PIB, nem índíce Down Jones...
Enfim, sou destrambelhada porque que me habito nas minhas concepções. Nas minhas vontades e nas minhas ânsias. Uma Destrambelhada com D maiúsculo e com muito orgulho!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Das antigas


Estou sendo inundada por um sentimento de nostalgia. Não me apego ao passado, não. Sou muito aberta ao futuro e quero saber como ele vai me receber. No entanto, recebi um e-mail da minha amiga Cinthia que tá láááááá longe, não tão longe assim que algumas horas não possam nos reunir, mas longe de darmos um pulinho ali do ladinho... e este e-mail me fez pensar, pensar e pensar e seguindo a lógica: Penso, logo escrevo.
É tão estranho que o tempo, as responsabilidades, as escolhas, os atos e os fatos nos distanciem das pessoas. Eu não imaginava minha vida sem estar colada às minhas amigas, não imaginava ir comprar uma calça jeans sem uma delas estar ao lado, nem chorar de raiva sem outra estar dando seu ombro, muito menos estar me maquiando sem receber as coordenadas de uma delas: mais preto na pálbebra direita! Realmente, não imaginava...
Hoje é assim. Tenho todas as minhas amigas de sempre guardadas na memória; cada qual com sua personalidade. A Cinthia, o meu elo eterno. A Dani, a sensiblidade extrema. A Manu, a maturidade inconfundível. A Fafá, a loucura centrada. A Pati, a sonhadora absoluta. A Lu, a certeza e a coragem. A Luci, a emoção nua e crua.
Não tenho mais as minhas amigas para não fazer nada e passar o tempo, para rachar a gasolina, a passagem, a merenda e as "chuletas" às três da tarde! Para rir na rua, passear sem rumo e ver Ritmo Quente trezentas vezes. Não tenho mais minhas amigas para escolhermos a roupa da festa, buscar um autógrafo do Humberto Gessinger, ler cartas do Tarot e viajar para ver a Shakira. Mas tenho as minhas amigas bem guardadinhas na gaveta cujo nome é amizade eterna. E essa gaveta eu sei que posso abri-la a qualquer momento e ter além de opiniões sobre sapatos, mantas e músicas, opiniões sobre a vida, sobre escolhas, sobre renúncias e ausências.
O tempo pode ser cruel ao ponto de distanciar a presença, mas é sensato o suficiente para fazer dessas presenças mais do que concretas, fazê-las eternas.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

As letras enes....

"E agora, o que vou fazer?
Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus?
E as lágrimas não secaram com o sol que fez?
E agora como posso te esquecer?
Se o seu cheiro ainda está no travesseiro?
E o seu cabelo está enrolado no meu peito?
Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo
Espero que o tempo voe
Para que você retorne
Pra que eu possa te abraçar e te beijar de novo
E agora, como eu passo sem te ver?
Se o seu nome está gravado no
meu braço como um selo?
Nossos nomes que tem o N
como um elo
E agora como posso te perder?
Se o teu corpo ainda guarda o
meu prazer?
E o meu corpo está moldado
com o teu?"

Nando Reis assina essa música, que para mim é mais uma poesia cantada.... Incrível como ela adentra nossos sentimentos sem pedir licença... Como ela nos inquieta e nos faz procurar "enes" pelos nossos corpos, pela nossa mente, pelo nosso eu.
Ela nos questiona a todo instante o que fazer com a saudade, o que fazer com a ausência. Não há respostas. Não há métodos.
Saudade dói mais do que quebrar o pé, o braço e a clavícula. Saudade é o dia ficar longo, as manhãs enormes e as noites incalculáveis. A saudade é a sede, a fome e a vontade de comer - com os conotativos em turbilhões. Saudade é o calor em pleno inverno e o frio em pleno verão. Saudade é a mente não obedecer e o corpo levar a culpa.
Estou tentando escrever algo sobre N, algo que o Nando (perdoem-me a intimidade) não tenha conseguido elencar; mas ela é a representação da autossuficiência, não precisa dos meus escritos, das minhas rimas nada elaboradas...
Neruda definiu saudade,Quintana e Lispector também, mas Nando Reis dispensou definições. Nando Reis sentiu a saudade e nos cantou.