segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A tia Neiva

Numa dessas andanças da vida, fomos eu e Maria na Lagoa do Jacaré prum mergulho a la novela, em câmera lenta, sorriso no rosto e trilha sonora (imaginou a cena né?). Chegando lá, sentamos à beira da lagoa a observar o horizonte e pensar na vida (outra cena de novela!) e enquanto criávamos coragem para entrar na água, descobrimos a Tia Neiva.
A Tia Neiva estava com sua sobrinha dentro da água. Tia Neiva nos fez desepertar o riso de uma maneira descontrolada, pelo menos o meu, que é facinho, facinho...
Uma figura caricata, desengonçada, desprovida de beleza e de noção. Mergulhava como se estivesse competindo a medalha de ouro, batia os pés e nada de sair do lugar. Quando emergia, seu cabelo parecia o Galeão Cumbica (Professor Raimundo, gente!) e mesmo assim ela sorria pra plateia e soltava algumas pérolas do tipo "nham nham nham".
Tia Neiva criava seus inimigos e jogava água neles. Pelo menos no nosso alcance ocular, meu e da Maria, eles não apareciam. Tia Neiva dançava ao som de De Javu: "quem cê pensa que eu sou, se não sou o que pensou, me libera, não insista..." de olhos fechados e sorriso no canto da boca. Tia Neiva não percebia os limites do perigo e sua sobrinha, de por volta de 8 anos, é que a puxava para a beira da Lagoa. O que mais ouvíamos era:
- "Vem, tia Neiva, vem!"
Tia Neiva, olhava, ria, soltava um nham nham nham e mergulho de novela de novo.
Quem me conhece imagina o quanto eu estava com a boca aberta de tanto rir.
Mas depois, pensando nas amarravas que a vida nos faz, percebi o quento Tia Neiva era feliz.
Tia Neiva era protagonista de sua vida, de suas vontades e eu, mera espectadora, sem interagir.
Tia Neiva estava vivendo sem limite, fazia o que lhe dava vontade sem pensar se a estariam julgando.
Tia Neiva era cheia de possibilidades e eu ali. Apenas ria. Um riso figurante, sem importância, sem validade nenhuma pro momento que não era meu.
Tia Neiva vivia o momento deliciosamente sem perceber que isto, sim, era viver.

Ás vezes, é necessário um encontro como este pra percebermos que as possibilidades de vida estão dentro de nós e não nas convenções a que estamos imbricados.
Que todas as "tias neivas" ocultas habitantes em nós sejam despertadas, um dia...


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Me demito!

Tô chegando à conclusão de que o famoso ditado o trabalho enobrece o homem, não faz tanto sentido assim.
Relendo meus textos anteriores, os do início de 2009, percebi o quanto eu escorregava pelo teclado com uma densidade e (des) estabilidade (in) segura incrível.
Cheguei a pensar: Fui eu?
E então percebo que de uns tempos pra cá em que um cargo profissional tomou conta de mim, meus escritos não deslizam. Fugi pro humor rápido e fácil a la Didi Mocó.
Não abandonei minha maneira de escrever, meu modo de ver o cotidiano, apenas repasso para o papel de uma forma mais leve, descontraída e até sem conteúdo, digamos assim.
O trabalho tomou conta de mim.
Minha coletânea de crônicas de Cony, meus contos de Nelson Rodrigues e de Allan Poe estão quietos, não me provocam mais, não me vêm mais, não me abusam mais.
A premissa parodiada: "leio logo existo" é verdadeira, embora a verdade seja um conceito discutível. Mas é verdadeira. Não leio, não existo, não me inquieto, não produzo. Leituras medianas, rápidas e de baixas calorias rendem escritas medíocres e sem gorduras trans.
O porquê de tudo isso? Por que eu li isso aí embaixo e senti falta de mim:

"Que o sapato seja provisório e nossos pés descalços permanentes...E que a festa seja longa e as músicas envolventes o suficientes para dançarmos até o fim... Até o sol raiar."

"...Para além das minhas imperfeições, sou narcisista.Uma narcisista autocontemplativa."

"Certeza é quando se chega ao fim da busca."

"Quem vê meus cabelos lisos e loiros tendenciosos à moda, não imagina que eles escondam um turbilhão de desconexões altamente tóxicas prestes a explodirem."

"Eu vivo porque eu rio do improvável, acho graça do ridículo. Eu vivo porque me permito ser eu mesma até debaixo d'água."

"Sou destrambelhada porque que me habito nas minhas concepções. Nas minhas vontades e nas minhas ânsias. Uma Destrambelhada com D maiúsculo e com muito orgulho!"

"O tempo pode ser cruel ao ponto de distanciar a presença, mas é sensato o suficiente para fazer dessas presenças mais do que concretas, fazê-las eternas. "

"Neruda definiu saudade,Quintana e Lispector também, mas Nando Reis dispensou definições. Nando Reis sentiu a saudade e nos cantou. "

"Não sou a protagonista da Cartilha do Amor Eterno, Sublime e Sensato, mas que me permito viver no meu próprio sucesso amoroso, isso eu me permito bem permitido, com todas as permissões plausíveis e inventadas possíveis e impossíveis. "

"Já perdi a viagem pela minha astúcia e já viajei pela minha inconstância."

"O tempo nos ajusta às ilusões e modifica o tamanho de tudo.Com o tempo, o real tamanho das coisas se mostra. Com o tempo o que não era tão notável, agora é bem notável.E o que era bem notável, agora nem é tão notável assim."

" O eu te amo só tem fundamento se vier com barulho,com movimento, com oscilação... ele não é um lugar de repouso."

"Somos feitos de contradições. São os nossos desejos permeados por alguns valores que estão brigando. É a nossa intenção, munida de nossas máscaras, que está prestes a gritar. É o elo entre o sim e o não que está pedindo para ser aceito."


Não sei se o trabalho enobrece o homem, mas a mulher, ele não enobrece não.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Promoção: Mate e ganhe passagem pra Suíça.


Fiquei transtornada quando li a notícia de que um dos assassinos do menino João Hélio foi solto e está indo morar na Suíça. Isso só vem ao encontro da ideia de que a lei no Brasil é um incentivo à criminalidade. Falei bonito demais, eu acho: a lei no Brasil é uma merda, é hipócrita, é vendida.
O desgraçado cumpriu três anos de medida sócio-educativa em uma instituição e foi pra Suíça
com auxílio de uma ONG* que o ajudará a ter uma identidade nova.

E ONG pra ajudar a família de João Hélio que nunca mais terá um dia em que não lembre desta tragédia, onde está???

E identidade pra esta família, alguém já pensou??? Só tem uma: a do sofrimento, da dor, da desgraça.

Dá vergonha de ser brasileira, fazer parte desse país que tem os valores invertidos. Fazer parte de uma nação que ajuda vagabundo legalmente a ter uma nova vida, depois de ter arrastado um inocente de seis anos por 7 km até a morte.

Só espero que alguém tenha tido o bom senso de levar este assassino até a Suíça amarrado pelo cinto num pára-choque, já que pro inferno ninguém o mandou.


* Projeto Legal é o nome da ONG que exportou esse assassino.


Em tempos de Photoshop...

Fiquei sabendo por uma fonte mega-ultra-power-segura que a Playboy quer a todo custo a Helenita do BBB 10.

E ela disse não.

Ô, tio da Playboy, olha eu aqui:

* quase uma doutora em Linguística (tive aula com o Átila);
* má (eu dei pau num guri na sexta série e passei na roleta do ônibus sem pagar uma vez) ;
* gorducha (tá, não precisa lembrar);
* cronista que nem o Bial (só falta uma frase de efeito do tipo Use filtro solar).



Não serve eu???

Estudo propostas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

No Reboleixonxon...

No Reboleixonxon
No Reboleixonxon
No Reboleixonxon
No Reboleixonxon

E não para por aí:


Ainda tem a famosa onomatopéia: Bate na palma da mão Xá XáXá Xá

E a frutarada toda no reboleixonxon, no reboleixonxon...


Eu só fico pensando... Com essa vasta cultura musical que avança no nosso país como será o desfile da Mangueira daqui a dez anos???

Aguardo previsões, embora eu já tenha algumas...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Inconstante e borboleta...

Acho que preciso de terapia pra eu saber de onde vem a minha inconstância profissional. Clarice Lispector era "inconstante e borboleta", mas ela era a Clarice, né cara pálida. Eu sou só a Rita.

A Rita que sonha em fazer parte do serviço de inteligência da Homicídios pra desvendar os crimes mais perfeitos, incluindo os serial killers mais procurados. Analisar a obra, refazer a cena, investigar as entrelinhas até fazer o suspeito se entregar só com a minha maestria verbal. Usar terninho, salto e uma arma escondida na bota.

A Rita que sonha com uma máquina de costura pra criar roupas, com um estilo único. Ter um lugar no SPFW e arrancar suspiros das mulheres mais fashions, lindas e loiras do planeta e dos homens mais "metros" também. Rita G. Basic será o nome da griffe, tudo nada básico, mas fingindo ser.

A Rita que sonha em ser uma jornalista de sucesso que dará boa noite junto com o Bonner. Depois de algum tempo, ter um programa do tipo Rita G. in World, (assim, em inglês!) onde irei fazer um tour por esse mundo bão (eu disse mundo bão, nada de Afeganistão!) pra depois contar pra todo mundo num quadro do Fantástico. Em seguida, serei convidada pra fazer parte do Saia Justa, no lugar da Beth Lago, já que ela será demitida depois de lerem no meu blog "Uma pena Beth". Só não aquero acabar minha carreira dando selinho nas pessoas sentada em um sofá.



- E então Dr. Freud, tu me explica???
- Deita aí no divã, minha cara, que terei que criar uma tal de psicanálise pra te entender...

Nota dez!

*Pra minha Mocidade Independente de Padre Miguel com o pecado na veia!

** Pra Mangueira que fez um trajeto pela música e prendeu a bateria representando a censura. Genial!

*** Pra Portela e seu carro de ultrasson. Nossa! Fantástico!

**** Pro ilusionismo da comissão de frente da Unidos da Tijuca. Abobei!

***** Pro Noel Rosa da Vila Isabel.

****** Pro samba gringo-desorientado-desarmonioso e duro do Petkovic!!! Amei!

Unidos da Língua Afiada!

* Puramordideus não quero ser apedrejada, mas o que era a Elsa Soares naquele carrinho horrendo? Tá certo que se esgualepou toda, se quebrou, sei lá, tá na capa da gaita, mas poderia ter demonstrado seu amor à escola de outro jeito. Doando algumas cestas básicas seria melhor.

** O homem voador já deu o que tinha que dar. Novidade em 2001, não causou euforia nenhuma, ainda mais que o a traqueragem estragou. Achei que só o meu micro-ondas dava pane...

*** A Suzana Vieira se gabando por estar com a costela quebrada e desfilando. Affff. A própria se auto-elogiou, pra variar um pouco, dizendo que isso era muito amor à escola. Ficaria mais bonito ela apenas dizer que tava detonada das costelas e o povo que completasse dizendo o que quisesse.

**** E a Geisy, Geisa, Geisela, Gysely, sei lá... a do vestido curto. Nossa, não aguentou o tranco e saiu no meio do desfile passando mal, com muito calor. Fiasqueira!

***** Fiquei espantada com a ex- rainha do Carnaval, Não sei o que Evangelista, que desfilou pela Vila Isabel representando uma música de Noel Rosa. A moçoila pagou 50 mil pela fantasia e ainda afirmou que Noel Rosa merece tudo isso. Realmente, ele merece ser homenageado, mas não desta forma. 50 mil reais numa fantasia???? Se Noel concordasse nao mereceria ser homenageado.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Uma pena Beth...


Um dos programas que mais me dá prazer em assistir é o Saia Justa. Quatro mulheres, cada uma a sua maneira, expõem suas opiniões sobre os assuntos ali debatidos. Mônica Waldvogel, Maitê Proença, Beth Lago e Márcia Tiburi, são as protagonistas do papo informal e extremamente interessante. Quatro mulheres bem diferentes, justamente por isso o diálogo se faz tão intenso e delicioso.
Mas o que me trouxe a escrever hoje foi a Beth Lago. Sou fascinada pelo humor ácido e sarcástico dela. Adoro suas opiniões curtas e grossas e suas declarações autênticas. No entanto, uma de suas falas me intrigou. Não, na verdade, não fiquei intrigada, ás favas a norma e a boa educação: fiquei puta da cara mesmo.
Em um papo sobre o porquê ainda as mulheres desejam, sonham e se enlouquecem por casamento já que conquistaram direitos e blá blá blá, o que culminava, na minha opinião, com a perpetuação da ideia de que homem é pra sustentar a mulher, Márcia Tiburi com sua magistral filosofia, mas criando um abismo entre o lado profissional e o lado pessoal, disse que a mulher não precisava mais casar, pois hoje as portas do mercado profissional estavam abertas á ela, ela poderia ser top model, médica, estilista, professora... entre outras profissões citadas pela filósofa.
O que me deixou pê da vida, foi que Beth Lago, ao escutar a profissão PROFESSORA, como uma das justificativas pra ela não casar e ter independência disse: professora, não.
E ponto final. Não argumentou. Márcia Tiburi continuou com seus argumentos fantásticos, mas minha cabeça ficou na frase professora, não... E eu perguntou: Professora, não, por quê???
Por que professora, não...

... se foi por uma professora que Beth conseguiu juntar letrinhas para que pudesse ler o suficiente pra estar sempre à frente do seu tempo?
... se foi por meio de uma professora que fez com Beth pudesse explanar tão bem sobre os mais diversos acontecimentos ao nosso redor no programa Saia Justa?
... se foi por uma professora que fez, implicitamente, com que Beth pudesse ter acesso ao mundo da moda mostrando-lhe que a interpretação dos fatos é condição sine qua non para que estejamos no topo?
... se foi por uma professora que Beth conseguiu ler a Vogue e a Elle sejam elas em qual idioma estiverem?
... se foi por uma professora que Beth inicialmente teve a noção de organização da língua, para que depois pudesse falar qualquer uma delas tão bem?

Realmente, nós professores, não lidamos com glamour, estrelismos e nem com o mundo onírico e fascinante da mídia, mas temos a faca e o queijo nas mãos para que tudo isso seja lido realmente como se deve: com criticidade, racionalidade, livre de ingenuidades e com perspicácia suficiente para que os sujeitos que passarem por nós possam interpretar discursos e, assim, formar opiniões sobre tudo e todos.
Uma pena, Beth, que teu comentário não foi: professor, sim. Apenas por agradecimento aos teus anos de educação formal, que com certeza corroboraram para que sejas brilhante, com raras exceções.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A chata

Sabe aqueles dias em que a chatice toma conta de ti??? Prazer, tô habitando um deles.
Tô me sentindo muito chata. Eu falo e nem eu me aguento, escuto a minha voz e me irrito.
Pausa para um grito:
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Despausa para o grito.
Acho que enquanto eu assoviava saltitante pelo bosque fui abduzida, abriram meu cébiro e fizeram um dowlond dos chatos mais chatos do Reino da Chatolândia em mim.
E cá estou: chata de dar dó.
Vou tentar desvendar o assassino do Cold Case (que já vai começar) e desbancar aquela loira, feia, aguada e magra pracarai da Lilly Rush pra ver se eu melhoro.
Rá! E quando eu tiver legal, simpática e faceira volto pra contar do meu livro de Serial Killer. FBI me aguarde.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Os lados da vida!!!!

E então... (marcador conversacional de quem quer enrolar!!!) a vida tem vários lados, não é mesmo??? Eu e minha amiga Maria sabemos bem disso...


De manhã estávamos na Lagoa do Jacaré tomando banho com a classe trabalhadora (palavras de Maria!), desviando de chuvas artificiais feitas com as mãos ( olha a chuuuuvaaaaa) e sendo atropeladas por colchões infláveis que lá no íntimo faziam o papel de meios de transportes aquáticos, já que a pergunta que mais ouvíamos era "qué carona?" e a noite palestrávamos na aula inaugural de cursos de EaD da FAGE em Arroio Grande, dando entrevistas para para a rádio, jornal, tirando fotos com otoridades e sendo aplaudidas...




A vida tem dessas coisas, mas eu e a Maria superamos as expectativas!!!


A propósito, quer saber onde estava melhor???




segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pergunta que não quer calar!

Por que todo pobre que se preza fala menas, pobrema, largatixa, come chachicha e iorgute, adora dar um baile de consoantes no nome dos bacuri (Mellanye, Woshynton, Kimberly), esquece do ão no final das palavras e diz questã e indigestã e tem sempre uma pilha de telha e tijolo no quintal ????
Alguém tem alguma sugestã???

Vale a pena estar vivo!

No filme Manhatan (1970), Woody Allen, um escritor quarentão, está prestes a acabar com a sua vida e começa a pensar em coisas que, talvez, valessem a pena estar vivo. E são coisas mesmo, nada de familiares e tal. Ele enumera, dentre outras coisas que não lembro, a Nona Sinfonia de Bethooven e Educação Sentimental de Flaubert. Numa tentativa de mímese, vou enumerar algumas coisas pelas quais vale a pena estar vivo (mas não estou prestes a me matar!)

Match Point, do próprio Woody Allen;
Os pensamentos selvagens de Focault;
A vista linda da travesssia de Rio Grande e São José doNorte;
Patrick Swayze em Ritmo Quente;
A praia do Cassino;
Um C4 Pallas preto;
Uma calça Levis;
Cantar bem alto : "Fazer amor de madrugada (em cima da cama, embaixo da escada)";
Ler Ruben Fonseca;
Perceber-se como uma personagem de Nelson Rodrigues;
Escrever e ser lida;
Comer melancia e jogar a semente nos outros;
Shakira e sua Antologia;
Uma bolsa Victor Hugo (nada de 25 de março!);
Rir muito de doer a barriga;
Se roer depois de ver Closer;
Identificar os assassinos de Cold Case antes da Lilly Rush...
Quais as coisas que valem a pena ESTAR VIVO pra ti???