domingo, 15 de agosto de 2010

Classificados Poéticos

Como rosa chiclete é piada do ano passado, digo a vocês que fiquei cinza astronauta quando li uma postagem nos classificados do Jornal Agora. Sente só:

PROCURO um Namorado rico p/ me ajudar financeiramente, se vc tiver interesse me ligue, tenho 33 anos e procuro homens entre 45 e 55 anos. Ligue p/ manhã ou p/ noite p/ meu tel. residencial. 3230.xx xx

O queixo caiu? Em mim caiu até a gengiva!
Depois de gargalhar como uma louca, fiquei pensando no que significa isso, assim, nas entrelinhas.
Sim, quem sabe ler percebeu que a moçoila quer alguém que pague suas dívidas. Claro, pois só quem tá entupidaça de dívidas é capaz de chegar ao extremo de colocar um anúncio deste. Mas para além da conta bancária negativa da pobretona, o que tá em questão aí é como as pessoas resolvem os seus problemas hoje em dia.
Ou melhor, as pessoas não resolvem os seus problemas, as pessoas esperam que outras resolvam os seus problemas. O outro que tem que atuar para que ela possa tirar o pé do buraco.
Quando li a primeira vez o anúncio (li vááááárias até acreditar), interpretei a desesperada como super sincera. Mas depois, acho que não é este o adjetivo mais apropriado. Acredito que acomodada seja a melhor opção.
Acomodada, pois depende dos outros para que a sua situação se resolva. Acomodada, pois não pretende ir em busca da bufunfa que precisa pra tirar o nome do SPC por meio do trabalho. Acomodada, pois dispensa ir em busca do amor e da felicidade realista. Acomodada, sim, pois é mais fácil que alguém ligue com as soluções de sua crise financeira e pessoal prontas, do que ela ir guerrear.
Se ela fosse super sincera como a julguei na primeira lida, sua postagem nos Classificados ficaria assim:
Acomodada de 33 anos na cara quer alguém que assine um cheque e resolva suas pendengas financeiras. De troco, oferece o que um "namoro" pode oferecer. Se vc tiver interesse em ser um otário, ligue.

Então tá.

sábado, 14 de agosto de 2010

Do tempo

Meu filho estava assistindo a Turma da Mônica na televisão quando eu passei e disse: Adooooro!
Ele me olhou e disse: Era do teu tempo?
Em dez segundos, algumas filosofias botequianas tomaram conta de mim.
Pensei: Era do meu tempo? Por que era e não é?
Achei estranha esta colocação, mas pensei que todos emitem esta frase simples, mas carregada de intenções. Só que eu nunca tinha pensado na bagagem que ela carrega.
Por que temos que ter um tempo determinado? Pronto, meu tempo era aquele, agora não é mais. Adeus.
Peraí, meu coração bate, meu pavio é curto, salivo com quindins, planejo o futuro e meu tempo já passou? Como assim? Quem estabeleceu que um determinado momento da minha vida era o tempo de minhas produções, de minhas diversões, de minhas palavras e de meus atos e agora não é mais porque novas pessoas estão construindo suas identidades e demarcando seus espaços?
A Turma da Mônica não era do meu tempo. A Turma da Mônica é do meu tempo. Porque o meu tempo é agora.
Ainda não fui silenciada. Ainda sei dançar. Ainda bato um bolão. Ainda canto no chuveiro.
Ainda tenho medo. Ainda incomodo. Ainda tenho ataques. Ainda grito de raiva.
Ainda amo. Ainda me emociono com novelas. Ainda uso Renew. Ainda faço tudo errado.
Meu tempo é este.
Até que a morte nos separe.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Lost


Pelas minhas travessias no mundo virtual, encontrei esta notícia:
"Casal de nigerianos tem filha loira de olhos azuis"
Bom, nas nossas mentes absurdamente poluídas já passou a ideia de uma super escapadela da mãe da criança com o Brad Pitt, não é mesmo?
Nada disso. Se a mãe da criança pulou a cerca, não deixou rastros, pois a criança linda e loira é filha do papai e da mamãe nigerianos, segundo o teste de DNA.
Então, fica a questão:
Se até a genética tá perdida, por que cobram que eu me encontre?
Tsc, tsc, tsc...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Conjutivite Mental

1)

Se entre o sim e o não, o talvez for a opção...
Se entre a loucura e a lucidez, o equilíbrio for a resposta certa...
Se entre o sussurro e o grito a combinação de ambos for necessária...
Desculpe, desça na próxima estação que você pegou o bonde andando.

E nem quis a janelinha.



2)

Te ofereço por uma hora ser eu.
E depois te pergunto:
Existe definição de mim no dicionário?


3)

Sou a versão do erro que deu certo.

Da Tati Bernardi e nosso bom senso em comum!

Fui apresentada à Tati Bernardi. Fiquei apaixonada. Ela é apaixonante com sua escrita franca e original.
E então, após o fogo inicial, fui saber um pouco mais desta minha mais nova paixão. E a medida em que eu estava desbravando suas linhas e entrelinhas, me deparo com esta frase {que quem me conhece, sabe que também é minha} :
MUNIDA DE CORAGEM ASSUMO: NUNCA FUMEI MACONHA E NEM FIQUEI BÊBADA.
Nossa! Atônita, eu li novamente e não conseguia entender que alguém além de mim pudesse repetir esta frase! Não, e não apenas repetir a frase... alguém além de mim, pudesse ter exercido a veracidade dos fatos!
Eu não era a única. Éramos eu e a Tati.
Percebi que minha paixão à primeira lida tivera fundamento. Minha paixão à primeira lida tinha algo de simpatia astral...
Após esta descoberta fenomenal, fiquei pensando... E algum dia eu tivesse fumado maconha e ficado bêbada??? E elaborei algumas hipóteses.... Prováveis hipóteses...
Bom, se eu tivesse fumado maconha, eu seria fedorenta, porque maconha, meu irmão, fede muito. Em primeiro lugar, teria que ser uma maconha industrializada, porque essa história de enrolar ervinha em palhinha e dar uma lambidinha não é nada glamouroso. E vamos combinar: eu sou glamourosa.
Assim, suponhamos que eu conseguisse uma maconha industrializada. Isso mesmo, conseguisse, porque com o preço da maconha eu compraria um Chokito.
Tá bem, não comprei o Chokito e consegui minha maconha industrializada: eu teria que fazer aquela careta e aquele barulhinho com a boca tipo o apito do trem? Não iria conseguir. A careta até que sim, sou mestre na arte facial, mas o barulhinho... Nada feito.
Simbora pra ficar bêbada, porque a maconha não combina com meu estilo linda, loira, estilosa e glamourosa.
Cerveja, não obrigada. É amarga. Pode ser a tal da Patrícia, a Bohemia, pode ser a mais elaborada com o malte cem por cento escocês (heim?) que não passa.
Passamos para a cachaça, ahhhh, a legítima cachaça. É incolor demais. Além de ser tomada num talagaço só pede também uma batida com o copinho no balcão do buteco. Alguém aqui me imagina no balcão do buteco? Obrigada.
Partimos para a tão famosa "Virgem": Leite condensado, leite de coco, vodka, gelo e canela. Vem canela? Não obrigada, mamãe me fez alérgica.
Smirnoff Ice? Bem bonzinho, docinho. Mas, por favor, me traz uma Sprit que dá no mesmo.

Não consegui nem imaginar os atos, quanto mais as consequências deles.
Literalmente, quando se é, assim, uma lady européia, a falta de classe nunca nos cabe, né Tati?

E que ninguém pense ao contrário, se não a porrada come, mermão!