sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O tempo tem que voltar

Queria escrever sobre a morte. Sobre o quão maldosa e desnecessária ela é. Sobre o quão inútil e devastadora ela é. Mas não deu.
A escrita se deu tensa, com raiva, com rancor, com mágoa... tudo de ruim misturado e expressado em letras, palavras, frases... Não foi bom.
Então resolvi escrever sobre o tempo. O tempo tão poetizado por Quintana. O tempo que é a coisa mais democrática que existe: ele vem igual pra todos, sem distinção.
O tempo vem... E o tempo volta.
Volta, sim, com o perdão a todos aqueles que acreditam no contrário.
Ele volta no cheiro, na música, no gosto.
Ele volta nas imagens, nas vontades e nas sensibilidades.
Ele volta na poesia, na fotografia e, até, na agonia.
O tempo volta, sim.
O que não volta são as ações, mas as emoções voltam a todo instante. Num simples lembrar, num simples ver, num simples piscar, num simples ser...

Tentei, Mariel, te "ter" em uma escrita minha. Mas creio que tua luz e tua alegria não mereciam uma escrita carregada de descrenças e interrogações. Então, tentei esboçar algo sobre o tempo, pra acreditar que ele volta. E com ele, a tua presença. O teu sorriso. O teu viver. O teu ser.
Pra não precisar te reinventar, o tempo tem que voltar.