segunda-feira, 26 de abril de 2010

O dia em que a Terra parou...

E então, ontem, domingo, família reunida pro almoço dos 35 anos de minha mãe (heim???), dois prá lá, dois pra cá... piada, lembranças da infância pobre, lembranças da adolescência rica (onde?), lembranças de bebês gorduchos e filhos malcriados... Eis que meu dindo, irmão da minha mãe - e também do meu tio e da minha tia - resolve fazer uma declaração que me deixa sem chão, deprimida, e perplexa.

Não, ele não matou ninguém.
Não, ele não vai fazer a cirurgia de troca de sexo.
Não, ele não é adotado.
Não, ele não está com o pé na cova.
Não, ele não foi escalado para o BBB 11.

(Pausa para o choro descontrolado.
Despausa.)

Meu querido dindo resolve contar o segredo da maçonaria:
Minha família não é a minha família. Não, não fui trocada na maternidade.
Foi o meu tataravó, que se fosse vivo teria uns 234 anos, que trocou o nome da família.
Peraí. É confuso. É doloroso. Contém cenas chocantes. Tirem as crianças da sala.
Eu, Rita Perez Germano de Orleans e Bragança, sou uma invenção de meu tataravó criativo.
Meu tataravó criativo foi registrar meu bisavô e trocou o sobrenome da família real. O nome dele era Alguma Coisa Solano e ele registrou o filho de Laurentino Perez.
Então, meus camaradas, meu Perez não é meu. Seria um Solano, muito do pobrinho no lugar.
Vocês estão tendo o meu alcance de que eu na verdade não sou eu? Sou uma verdade inventada. Meu Perez não é da família da Jeniffer Lopez... Não tenho alma espanhola. Mi español is fueda.
Agora, caríssimos leitores, me imaginem como Rita Solano Germano... Que redundância! Que falta de classe!
Em épocas de educação ambiental, minha árvore genealógica foi despedaçada, arrancada pela raiz de seu habitat natural. Esperem um momento que vou ali me jogar da ponte.






Como assim??? Posso ser prima do Mateus Solano??? Ele pode me abrir as portas de Hollywood??? Posso ser o pico de audiência que faltava em Viver a Vida??? Hum...

sábado, 24 de abril de 2010

Nossa Senhora Glorinha Kalil, livrai-me deste mal, amém.

Quinta-feira achei que estava em outra galáxia. Estava na frente do colégio do meu filho, quando de repente surge uma rainha de bateria descendo as escadas. Nossa... Só não saí sambando e me quebrando toda porque não tinha música e meus olhos não permitiram que meus pés se mexessem. Eu estava em choque.
A visão era do inferno. O elemento do sexo feminino estava de jeans, blusa de zebrinha, okean roxa e, pasmem, no cabelo um coque com plumas e flores roxas. O adereço do cabelo combinava com a okean roxa... Mulher sempre está ligada em combinar... até na desgraça!
Bom, se a zebra combinava com alguma coisa, ela tinha esquecido em casa. Os roxos se encontraram no sapatinho de EVA e nas plumas, mas discutiam loucamente e o jeans era a oitava maravilha do mundo. Já imaginou se ela tivesse de saia-calça azul celeste???
Se eu estivesse sozinha, teria achado que essa campanha toda contra o crack estava me afetando, mas não. Eu tinha testemunhas. Eu tinha com quem excomungar aquela peça retirada de um cenário da Broduei (sim, com esta escrita!). E excomunguei. Olha até evoquei a Nossa Senhora Glorinha Kalil pra livrar-me de todo aquele mal, amém.
E daí, eu pergunto: Pra que nascer mulher??? Por que não veio um brócolis, uma caixa de papelão ou até mesmo uma árvore de Natal???
Podem me matar, caros leitores, podem me chamar de tudo: insensível, imatura, fútil, retardada... Podem dizer que o mundo tá desabando junto com o Morro do Bumba e eu postando bobagens. Podem dizer que a fome é mais relevante e que a Política me dá muito mais motivos pra que eu escreva com seriedade e comprometimento e eu preocupada com imagem. E por aí vai...
Mas que eu não sou nada egoísta e quis compartilhar esta aberração andante com vocês, ah isso eu quis!!!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

" E o que vai ficar na fotografia, são os laços invisíveis que havia..."


Tenho uma amiga, a Maria, que não é lá muito chegada em minha mania de tirar fotos. Não vou dizer que cada mergulho é um flash na minha vida, pois isso é um ditado de mil novecentos e noventa e dois... E eu sou cosmopolitam.
Mas que adoro estagnar o tempo, isso eu adoro.
Minha resposta pra Maria (e qualquer outra pessoa que fala deste meu, digamos, "problema") é sempre a mesma: A gente morre, ficam as fotos!
A Maria ri e se gruda em mim pra guardarmos os momentos com um sorriso no rosto sem igual.
Gosto de como um momento pode ser guardado num papel.
Quando olhamos as fotos, não vemos apenas cores, vemos também sabores. Sentimos. As sinestesias tomam contam de nós quando revemos pessoas, lugares, fatos e atos por meio de fotografias.
Namorados rasgam fotos em brigas.
Amores são beijados pelas fotos.
Dores são sentidas pelas fotos.
Fotos são colocadas junto ao peito na angústia, na saudade, na paixão.
Mães abraçam filhos pelas fotos, até mesmo quando ainda não nasceram...
Com as fotos temos a oportunidade de ter, voltar, ver, reviver.
O tempo é estagnado pela fotografia e ali é feito História. História com H maiúsculo, porque cada um de nós tem a sua História a ser contada, evidenciada e celebrada.
Leoni cantou a magia da fotografia em "Fotografia": E que vai ficar da fotografia, são os laços invisíveis que havia... E sentiu que para além de figuras e emotivos, há laços invisíveis, com o perdão da redundância, que extrapolam o papel.
Quero continuar guardando minhas Histórias num papel. Mas quero que elas sejam vistas pelas entrelinhas... quero que elas sejam sentidas por quem ali passar.
E enquanto isso não quero deixar o meu dia passar de uma fotografia. Quero que o meu dia mereça estar em uma fotografia.

http://www.youtube.com/watch?v=znxJGABVz3c

sábado, 17 de abril de 2010

Da minha gargalhada

E então uma amiga de velhos tempos escuta a minha gargalhada e diz:

- Nossa, te reconheci pela gargalhada! Tu não vai parar de gargalhar nunca?
Respondi:
- Se eu parar de gargalhar, me leva flores.

E é fato.
O mundo pode estar caindo, as certezas podem estar sendo desfeitas e os laços desamarrados, mas a minha gargalhada pode ser ouvida.
Porque este é o meu eu. Um eu que ri, que acha graça do inesperado e que vê cores nos momentos mais infâmes e caóticos.
Se isto é positivo ou negativo? Não sei. E também não pretendo classificar a minha gargalhada com sinais matemáticos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fiadapú, te pego lá fora.

E a minha vida daria um filme daquelas comédias da Tela Quente.
Eis que me vou à costureira para fins modísticos, porque meu nome é Rita Fashion Perez Germano (heim?) e então a costureira que aqui chamarei de Fiadapú me pediu um favor.
Fiadapú: O menina, será que tu poderias experimentar essa blusa pra mim?
Eu, me sentindo a modelete: Tudo bem dona Fiadapú.
Fiadapú: Sabe o que é... é que minha cliente tem os braços gordos que nem os teus... (Isso mesmo, caro leitor, ela fez isso.)
Eu, com uma cara de "ã": Aham...
Fiadapú surge com uma blusa que mais parecia uma colcha de tão imensa, abre o buraco do braço e enfia no meu.
Fiadapú: Ah, teu braço nem é tão gordo quanto o dela, mas acho que dá...
Eu, enlouquecida, raivosa e com instinto assassino: Fiadapú, vai pra ponte de paris, tu tá pensando o quê? Sua bigoduda de merda, vai fazer esta barba que tens um maranduvá embaixo do nariz. Braço gordo tem a mãe do Badanha e toda família dele, meu braço é fortinho... não tem nada de gordo. Vou te pegar ali na esquina e acabar com todos os dentes sobreviventes que tens nessa boca imunda. (Tá tudo isso é licença poética)

Saí de lá pensando seriamente em me atirar do quinto andar do Edifício Latoscana (aquele da Pampa), porque aquela bigoduda só pode ter sido enviada pelo vermelhudo lá do andar debaixo pra acabar com o meu rico dia. Aff , não sabe nem a diferença de balonê pra saruel... e nem distingue os vááááários tipos de xadrez que existem. Gucci pra ela é marca de achocolatado em pó e Prada é a mulher do Prado.

Mas, eu prometo, ah eu prometo, que volto lá com uma cera quente e peço pra ela experimentar no urso que ela tem embaixo do nariz pra ver a cera funciona....

E quem me ama deixa comentário dizendo que meu braço não é gordo (se não os dente cai tudo).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Do silêncio.


Às vezes fico pensando, o porquê de vermos mais televisão do que lermos. Sei que a resposta parece óbvia: por toda a multiplicidade de linguagens que há na televisão e seu dinamismo, blá blá blá. Mas não quero esta obviedade. Quero uma explicação mais poética, metafórica, mais condizente com as vozes do ser humano.
Lemos sozinhos. E qualquer tipo de isolamento e individualização, hoje, é tomado como sintoma de que algo não está bem. Vivemos no coletivo e o monólogo pode nos causar um sentimento melancólico. Pode nos causar esta solidão e este silêncio.
E temos aversão à solidão. Temos aversão ao silêncio.
E cheguei onde queria chegar. Ao silêncio.
Li uma frase do escritor Carlos Castañeda em que ele afirma que o silêncio é uma das coisas mais poderosas que existe. Achei encantadora esta frase e fiquei a refletir sobre as múltiplas faces do silêncio.
Fiquei a refletir sobre o silêncio que fala, o silêncio que transcede a palavra, o silêncio que grita, o silêncio que aquieta.
Estar em silêncio, algumas vezes, pode ser mais perturbador do que a palavra mais articulada.
O silêncio corrompe, arranha, maltrata.
O silêncio alimenta, festeja, anuncia.
O silêncio renuncia, chora, marca.
O silêncio define, exclui, sente.
As maiores verdades são ditas na quietude de um silêncio. Basta termos a sensibilidade para traduzi-las.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Do meu joelho esfolado


Sinto saudades do meu joelho esfolado.
A cada joelho esfolado uma história, uma singularidade, uma magia.
A cada joelho esfolado uma brincadeira, uma correria, uma ação, um sorriso.
Na minha época, os joelhos eram outros.
Sinto saudades do meu joelho esfolado...
... e de todas os encantos que ele significava.

domingo, 11 de abril de 2010

A teoria do feio


Não sei o que me trouxe a escrever sobre beleza. Talvez a minha estonteante mistura de raças que ocasionou em minha pele alva e meus caracóis nos cabelos (heim?!)... Mas o caso é que ao buscar mais subsídios para esta escrita apenas me deparei com métodos e técnicas para chegarmos, enfim, à beleza extremada, idealizada, a beleza midiática. O manual da beleza sonhada está por todos os lados, nos provocando, nos metendo o dedo na ferida.
Nada. Não encontrei nenhuma resenha, monografia, artigo, dissertação que explanasse sobre a dita cuja. Nada que me desse argumentos de autoridade suficientes para que eu possa corromper com a estética publicitária almejada por todos de uma maneira, digamos, mais brilhante . Sem bibliografias!
Mas encontrei a Teoria do Feio do jornalista Xico Sá que afirmou que a beleza acomoda e que o feio vence aos poucos e com mais conteúdo. Achei hilária tal afirmação e se refletirmos à luz da pós-modernidade, Xico está coberto de razão.
O bonito chega e chega. O feio não é notado, precisa esforçar-se para se fazer presente.
O bonito basta olhar para encantar . O feio é necessário falar. E falar bem.
O bonito ganha por nocaute. O feio? Por pontos, lentamente, fazendo todos ficarem atentos à sua luta.
Sem traços "novelísticos", o feio precisa de outros atributos para chegar ao pote de ouro do fim do arco-íris e esta busca é positiva para ele, já que, desacomodado, ele bebe de fontes que o bonito não precisa! Daí, então, a teoria do jornalista de que a beleza acomoda.
Teorias à parte, o que é fato na sociedade atual é que o belo é bem melhor tratado pelo mundo do que aquele que não foi visitado pela fada da beleza. A beleza abre portas, janelas e portões. Constrói pontes e elimina muros.
Mas o mais certo ainda é que com olhos azuis ou nariz torto a busca pela substância deve ser uma prioridade eterna.

Presentinho!

Mexe com os seus também?
Por quê???

Pela porta da frente...

E em tempos de "Rebolation bate na palma da mão, vai..." eis que nas linhas do horizonte surge uma menina com ares de Cássia Eller, com a prepotência de Elis Regina, com a autenticidade de Ana Carolina e com a sua própria voz, de timbre diferente, levemente rouco, inigualável, que não me atrevo a comparar.
Estou falando de Maria Gadú. Estou falando de Música com M maiúsculo. MPB na veia.
Em uma época em que fórmulas prontas se repetem e antigos sucessos tentam salvar a carreira de alguns, Maria Gadú chega com seu CD em que todas as suas músicas são dignas de aplauso em pé.
Maria Gadú canta Baba Baby de Kelly Key (ou seria do Latino?) com uma delicadeza e substância de arrepiar. Maria Gadú canta Doce, doce, doce, a vida é um doce vida é mel, da Xuxa, como se fosse um mantra. Maria Gadú canta o que quer e fica fantástico.
Acredito que sua liberdade e seu atrevimento musicais a deixem muito tempo neste cenário. LIVRE… ela toca e canta o que lhe dá vontade, e não se limita a cultura de massa para buscar mais admiradores. Ela própria a admira e isso basta para que sua música seja difundida.
Sem dúvidas, entra pela porta da frente da Música Popular Brasileira, mas se não entrasse ela poderia muito bem pular a janela, pois shimbalaiê pra isso ela tem de sobra.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Heim?

De que vale meu cabelo liso se as ideias são enroladas dentro da minha cabeça?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dunga

Não queria estar aqui escrevendo. Não por este motivo.
Mas parece que escrever me liberta um pouco. Me acalma. Me acolhe a alma.
Meu Dunga, meu cachorro loiro e liso se foi.
Se foi sem me dar tchau, sem me explicar o porquê, sem me deixar que eu implorasse pra ele ficar.
Ficar pra me fazer mais feliz todos os dias. Mais feliz com sua presença.
Não quero usar o verbo no passado. Mas o verbo no passado se faz presente.
Ele era o melhor companheiro do mundo, um companheiro silencioso,carinhoso, comilão e esperto.
Sorria pra mim. Sorria com seu rabinho balançando cada vez que me enxergava, cada vez que me dava a honra de merecer o seu carinho.
Ele não me respeitava. E eu não ligava, não ligava porque sua companhia era bem melhor que qualquer tipo de respeito.
E agora eu não terei mais aquele aconchego, aquele pelo macio, aquele pulo alegre, aqueles olhos pedintes. Aquela luz.
O Dunga era luz.
Só me resta agora inventar a presença dele pra que eu possa pretensiosamente viver sem toda a sua luminosidade.

Vão falar

"Vão falar que você não é nada
Vão falar que você não tem casa
Vão falar que você não merece
Que anda bebendo e está perdido
E não importa o que você dissesse
Você seria desmentido
Vão falar que você usa drogas
E diz coisas sem sentido
Se eu for ligar
Pro que é que vão falar
Não faço nada…"

Desconheço a autoria, mas foi regravada pelo Capital Inicial... E na voz simples e sem oscilações do Dinho Ouro Preto confundida com seu jeito "sou assim de ser" fica fantástica.
E vão falar...
Se você fizer mal feito, se você fizer bem feito, se você não fizer, se você fez não querendo fazer.
Vão falar...
Se a torneira ficar aberta, se a luz estiver apagada, se a conta estiver zerada, se você estiver gastando muito.
Vão falar...
Se o beijo for molhado, se o grito for abafado, se o grito for gritado, se o beijo for negado.
Vão falar...
Se o arroz estiver grudento, se a massa estiver al dente e se a Coca-Cola estiver sem limão.
Vão falar...
Se o silêncio for o luxo, se as palavras forem o lixo e a sanidade for o surto.
Vão falar....
E vão falar.
E se um dia calarem é a vez de você pensar o porquê de não estar fazendo mais cócegas na alma de ninguém.
E rever seus conceitos pra não ser você a falar.