quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Gaúcho???

Sou do tempo em que futebol não era mercantilizado. Não, não é ingenuidade. Eu sei que a mercantilização futebolística sempre existiu, mas não dessa maneira tão potencializada e descarada.
Nesse tempo tão-tão distante, futebol era jogado na rua, com as Havaianas servindo de goleira e todos unidos em prol de um objetivo: o gol. Seja ele em qualquer lado.
Era bonito de se ver. Onde a bola estava, estavam atrás os 22 jogadores (ou quantos o espaço permitisse), sem posições, apenas limitados pelo próximo muro ou cerca... Os sem-camisa contra os de camisa. Guri contra guria. Futebol era festa.Os craques nasciam assim, no meio do campinho de areia e não eram programados desde os primeiros passinhos a idolatrarem o futebol europeu e a se especializarem em dribles e passes nas escolinhas de formação de futuros Messis.
Fiquei reflexiva quanto a este assunto, devido à novela Ronaldinho- Assis-Grêmio-Milan-Flamengo que protagonizou cenas picantes (e impróprias para apaixonados e bairristas) da super indústria do futebol. Não existe mais raça. Cada suor na camisa vale milhões. Cada gol é um dígito a mais à direita.
Não entendo nada de futebol e se o David Coimbra, o Falcão ou o Paulo Santanna lerem isso, têm a minha permissão para debocharem muito com requintes de autoridade. Mas, me submeto a esta escrita sem teóricos e nem teorias porque ainda defendo o futebol com paixão, com raça, com tesão.
E para isso, Paulo Odone, temos que trazer Gaúchos pro Grêmio.Gaúchos da Bahia. Gaúchos de Mato Grosso. Gaúchos de Coimbra. Gaúchos da África. Gaúchos de qualquer canto do mundo.Gaúchos com G maiúsculo e não apenas aqueles que incorporaram este adjetivo pátrio ao nome para se servirem de todas as façanhas que nós trazemos de modelo à toda terra.
Porque ser gaúcho não é naturalidade. Ser gaúcho é opção.

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