quarta-feira, 9 de março de 2011

"Personal Friend"

De uns tempos para cá houve a profissionalização da amizade.
Pagamos por sensatez. Pagamos por conselhos justos, felizes, perfeitos e dotados de sabedorias freudianas.
Nada de gorduras trans e teor alcoólico. Tudo é presumido.O convênio cobre tudo.
Contamos nossas neuras, nossos limites e queremos possibilidades de estranhos. Ok, nada mais coerente do que alguém neutro se meter em nossas vidas para nos dar uma luz? Não é mesmo? Não, claro que não.
Quero alguém que me conheça e que saiba que tudo o que me disser vai ser usado contra si no tribunal. Não quero minhas idiossincrasias escritas numa ficha de um desconhecido para que depois ele me transforme num diploma na parede. Eu não quero conselho. Eu quero palpite!
Quero o palpite mais errante que possa vir dos meus amigos.
Quero ameaça.
Quero um "eu te avisei".
Quero um "viu?".
Quero diálogo.
Quero que me chamem de louca.
Quero fugir quando o palpite for furado.
Quero mais de 45 minutos.
Quero amigos se metendo na minha vida de graça, sem almejarem títulos.
Quero palavras de um futuro bom... ou mau, como antigamente.
Mas quero. Quero que sejam de quem faça parte do meu mundo, meu vasto mundo.
E não de quem apenas se chama Raimundo...

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