quarta-feira, 9 de março de 2011

O desprezo

Li um texto do Carpinejar que falava sobre desprezo.
Fiz amor com o texto de uma maneira delicada e simples. As palavras entravam e os olhos refletiam "é isso mesmo". Quisera ter alguém do meu lado pra que eu pudesse torná-lo mais real na medida em que eu transformasse em palavras audíveis o que os meus olhos diziam.
Tenho algumas considerações sobre o tal desprezo. Compactuei com Carpinejar algumas posições do nosso fazer amor...
Literalmente, o desprezo, segundo os dicionários, significa desprendimento, desdém, sentimento acima da cobiça. Definições limitadas para quem sente o desprezo.
O desprezo começa por querer. Compramos o desprezo no Supermercado Seja Feliz mais próximo de nossos lares. O desprezo é o mais cotado dos conselhos entre as pessoas que tiveram alguma dor, alguma desilusão, algum vazio.
E o desprezo é isso: vazio. Começa com um querer ser vazio, começa com o objetivo do vácuo e depois permanece ali, mesmo sem intenção,inerte, mas ali. O desprezo que antes era um conselho, agora é inevitável.
Ele se instalou ali. Não paga mais aluguel, não pede mais nada em troca, mas também não parte para outro lugar de repouso.
O desprezo repousa ali intacto, permanente, anti-social. Sem merecer uma despedida, sem merecer palavras dolorosas, sem merecer as fomes dos gritos e as intensidades dos beijos... Simplesmente ele não merece.
O desprezo é o fim. O fim do que um dia foi. É o gemido da morte do que um dia causou furor, emoção, dor. É isso: o desprezo é ausência de e do ser.
Lamentável sentimento necessário.

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