terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Prefiro o cheiro forte...

Não, ninguém morreu. Não tenho seis meses de vida. Nem esta é uma carta de despedida. Mas resolvi escrever sobre a morte. O porquê eu não sei, mas a vontade de mandar a morte pra bem longe bateu e eu resolvi reverter na escrita.
A morte é totalmente patética, ridícula, insensata.
As gavetas estão todas lá, com as calcinhas desarrumadas e as meias com um pé só, esperando uma arrumação. A conta já venceu e espera ser paga. O convite da festa do final de semana foi comprado. O churrasco de domingo foi programado. Ainda faltam 20 prestações do carro a serem pagas. A reunião foi marcada para a próxima quarta-feira. E a previsão do tempo para o final de semana é sol e 35 graus.
E a morte chega. Sem aviso. Invasiva. Desumana. Rompendo com a programação, desalinhando os objetivos, desargonizando as ideias.
É uma pegadinha do Gugu? Quem teve essa ideia?
A roupa ficou na corda e a ração pro cachorro nem foi comprada. Ainda tem anticoncepcional pra três meses e as sessões de bronzeamento estão na metade.A sandália seria estreada na sexta, a manicure é no sábado às três e meia e a dissertação está quase pronta. E acaba tudo.
É tão incoerente, a passagem é só de ida, mas nada é meticulosamente programado.Não se avisam as pessoas que a roupa precisa ser recolhida...
Sei que a morte é a coisa mais certa que existe e que a imortalidade desfaz a ordem natural da vida, mas morrer chega ser uma piada, só que sem graça nenhuma, sem plateia pra rir, sem pedido de bis.

2 comentários:

  1. Quem bom que escrevestes isso. A morte é assim mesmo, só discordo da parte do sem avisar, já que estamos avisados desde que nascemos, não tem como evitar. A morte vem assim, sutilmente, fazer o quê? Faz paaaarte!

    ResponderExcluir
  2. vida! é um grito de gol! é o nascer de 3 filhas! a MORTE É O COMPLEMENTO DE TUDO O QUE PODERIA SER FEITO. JÁ FIZ VOU!!!!

    ResponderExcluir