terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Supermercado: A missão!


Faz parte do nosso cotidiano. Não conheço ninguém que nunca tenha ido ao supermercado, desde ao mais ilustre ser humano ao mais simples mortal ali da esquina. É rotina, não adianta.
Encher o carrinho faz parte da nossa vida; encher, encher, encher é uma hipérbole nos dias em que a crise dos EUA assombrou a todos. Mas voltando para a parte do carrinho... ai meu Deus, até o carrinho estar cheio tem uma maratona pela nossa frente.
A começar por ele mesmo: o carrinho. O abençoado e necessário carrinho. Palmas para o ser humano que teve a brilhante ideia de colocar um cesto de ferro em cima de quatro rodinhas e uma barra colorida para ser segurada. Não é para qualquer um, não! Bom, a maratona é iniciada ao puxarmos o carrinho daquela tripa em que ele está grudado. Isto mesmo, grudado! Até conseguirmos destrancar o carrinho de outros que estão trancados a outros e a outros e a outros (chamarei pelo pai de novo): Meu Deus, é o inicio da lamúria!
Sejamos otimistas. O carrinho foi desengatado dos outros de sua mesma espécie e agora você está livre leve e solta para com toda a malemolência do mundo deslizar naqueles corredores amplos e convidativos... isso até você acordar do seu sonho de supermercado ideal, cara-pálida, pois a rodinha esquerda da frente do seu carro do ano está girando descontroladamente como se estivesse numa terreira. Gira, gira, gira, gira, gira, gira, girou... a grande invenção do homem está girando ainda e você não tem o controle do seu carrinho, vai para a esquerda e ele com toda autonomia que lhe é peculiar vai para a direita, isto se a ré não estiver engatada...
Sejamos otimistas novamente: apareceu uma alma nobre, um funcionário exemplar que com certeza será promovido depois da excelente ação de lhe trazer um co-irmão de seu carrinho, só que este sem o problema de locomoção. Ufa! Seus problemas acabaram, você finalmente irá deslizar como se estivesse na Dança no Gelo do Faustão. Tá certo que este novo carrinho tem uma couve de três dias atrás presa no meio das grades, com um pedaço balançando para fora, mas sem problemas, é só uma pobre couve que foi deserdada. É apenas visual, olhe para o lado, minha amiga, não olhe para a couve. Olhe para o lado e seja feliz!
Mas cuidado, não fique muito distraída deslizando com o seu supercarrinho patinador, pois a qualquer momento seu calcanhar poderá ser uma presa fácil de outro carrinho: o carrinho alheio. O carrinho alheio é o que há. É o que há de trágico para nossas bolhas que aquela sapatilha, ultima moda no São Paulo Fashion Week, nos fez no final de semana. Relaxe. Faça o que a ministra aconselhou e continue as suas compras, mancando ou não, não desista das suas comprinhas!
Corredor vai, corredor vem, um arroz ali, um suco light ali, meio quilo de carne, trezentos gramas de presunto magro e sua ida ao supermercado está correndo tudo dentro da normalidade... quando de repente... Uma pausa: o de repente é o marcador da desgraça, nos melhores contos de Poe; o de repente chega a nos gelar a espinha. Mas voltando: quando de repente passa uma criancinha mimosa puxando aqueles carrinhos-cachorro, inventados nesse tempo de crise, voando por você, lhe dando um bruta empurrão em cima do balcão da louças. Chamarei pelo pai novamente: Meu Deus, cadê a progenitora deste anjo???
E a maratona continua. Fila do pão, fila do açougue, fila para pesar as laranjas, fila, fila, fila, uma pausa para comer uma torradinha com patê, pausa para provar a nova marca de ravióli, outra pausa para o refrigereco que foi recauchutado e querem a todo custo que ele pule para dentro do seu carrinho, uma pausa para responder enquetes, outra pausa para responder que você não quer receber revistas “ de graça” em sua casa. Mais fila, mais fila e mais fila.
Ah, se não fossem estas filas que nos fazem pensar em nossas vidas escutando aquelas musiquinhas laxantes da radio própria do supermercado, nosso bem-estar seria afetado. Escute, sonhe, relaxe, mas não tanto, pois a qualquer momento um carrinho desgovernado, ou não-governado, ou mal governado, poderá atingir o seu outro calcanhar antes de você chegar na última fila: a fila do caixa. Com o perdão da norma culta: Zulivreguardi! Zulivreguardi! Essa não me atrevo a relatar, pois tenho receio que meus instintos mais raivosos sejam aguçados e o teclado do computador, que não tem nada a ver com o pastel, seja levemente prejudicado.
Decididamente haveria de ter sinaleiras nas esquinas dos corredores, deveria ter um guardinha com seu apito estridente tentando resolver o caos no transito... Melhor! Deveria haver CNH para que possamos guiar tranquilamente nossos carrinhos naquele chão escorregadio propositalmente para que andemos vagarosamente e assim compremos mais. Se aprovados fôssemos, maravilha: desengataremos o carrinho da tripa e boa sorte, caso contrário, cestinha vermelhinha para nós e vamos passear no bosque enquanto seu lobo não vem...

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